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Grandes Orquestras
Sempre fui
um apaixonado pela boa música, particularmente pela música instrumental,
que geralmente não tem o devido reconhecimento do público, da mídia e
dos próprios críticos musicais.
E, dentro dessa minha paixão instrumental, sempre estiveram presentes em
primeiro plano as grandes orquestras, as famosas "big bands" como eram
conhecidas na terra do Tio Sam. Aqui no Brasil tivemos o privilégio de
ter grandes orquestras, verdadeiros deleites sonoros para nossas orelhas
cansadas de tanto ruído. E, no exterior, foram incontáveis as "big
bands" que despontaram para o merecido sucesso perante o público de bom
gosto musical.
Porém, para alcançarem lugar de destaque no meio musical, esses grupos
de músicos dedicados e profundos conhecedores de seus instrumentos,
tinham sempre à frente aqueles que eram a alma de tudo, os dedicados e
incansáveis maestros e arranjadores.
E como eu os admirava! Lia tudo o que me aparecia sobre esses
verdadeiros deuses da música, procurando manter-me atualizado sobre
novos arranjos, novos lançamentos e novos discos.
Eram raras as orquestras das quais eu não gostava, mas aqueles maestros
que procuravam imitar os sons de outros maestros já consolidados tinham
meu total repúdio. E um desses casos ocorreu com um clone da orquestra
do maestro alemão Bert Kaempfert, autor, entre tantos outros sucessos,
de Afrikaan Beat que foi o seu primeiro sucesso aqui no Brasil, lançado
em LP da Polydor, lá pelos idos de 1963. Não vou citar o nome do
imitador, e digo apenas que era argentino e chegou a fazer um breve
sucesso por aqui. Também não gostava dos imitadores do som de Glenn
Miller, principalmente quando se apresentavam tocando Moonlight Serenade
e In The Mood, dois dos maiores sucessos do maestro e arranjador
americano, desaparecido numa viagem aérea durante a Segunda Guerra
Mundial.
Ao longo de todos esses meus anos musicais, tive uma preferência
concreta e indissolúvel por algumas orquestras que marcaram época e
fizeram com que minha geração ouvisse, dançasse e amasse, embalada pelo
som puro e refinado saído dos instrumentos daqueles músicos
afinadíssimos. Um som estudado, característico, criado e arranjado por
seus magníficos maestros.
Bert Kaempfert foi um deles. Um som cristalino, com o seu trumpete e os
músicos da percussão atuando sempre de forma característica e
envolvente. Outro maestro inimitável e precursor de um som
característico foi Ray Conniff, que mesclava os instrumentos de sopro
com seu famoso coral de vozes mistas. Foi talvez a orquestra mais
popular e mais tocada nos "bailinhos" caseiros que ocorriam naqueles
bons tempos musicais. É quase impossível encontrar alguém que viveu
naqueles anos dourados e não tenha dançado agarradinho, La Mer, Stranger
in Paradise ou Besame Mucho, ao som de Ray Conniff, sua orquestra e
coro. E ainda poderíamos falar de Henry Mancini (famoso pelas trilhas
sonoras de belíssimos filmes, como Bonequinha de Luxo, Charada e A
Pantera Cor de Rosa, por exemplo), Perez Prado (criador do famoso
"UUHHH" em sua deliciosa música latina), Percy Faith (seus temas para
jovens enamorados foram muito apreciados), Billy Vaughn (com seu sax
melodioso e inconfundível), Henry Jerome (este da famosa série "Metais
em Brasa", cujo volume 1 – de um total de cinco – virou um verdadeiro
clássico da música orquestrada), e muitos, muitos outros, também
inesquecíveis.
Aqui no Brasil fui um fã de carteirinha de Sylvio Mazzucca, cuja
orquestra foi uma das que mais abrilhantou os indefectíveis bailes de
formatura e de debutantes que ocorriam com frequência. Além dele tivemos
Simonetti, Élcio Álvarez, Severino Filho (pianista do conjunto Os
Cariocas que também teve a sua orquestra) e uma que até hoje ainda toca
por este País: Severino Araújo e Orquestra Tabajara, de uma
versatilidade impressionante.
Tudo isso passou, a boa música já não se faz presente com tanta
intensidade, vivemos uma crise de identidade musical muito grande e
quem, como eu, curtia tanto essa fase musical de um bom gosto delirante,
vê-se meio perdido nos dias de hoje com tão pouca oferta de coisas boas.
Tenho saudade sim, mas como conservei comigo todos os LP's e toca-discos
daquela época, ainda posso me deliciar ouvindo as gravações originais
desses magníficos maestros e suas orquestras maravilhosas.
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