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A aula de hoje é sobre: A Galiza, sua história, suas culturas, suas tradições

 

Cultura

O património cultural galego carateriza-se pela sua riqueza, diversidade e extensão geográfica, assim como pela sua vinculação à paisagem que o rodeia. Abundam os monumentos megalíticos, como os dólmenes, as gravuras rupestres ou os castros, povoações fortificadas da Idade do Ferro. São numerosos os restos romanos, com destaque para a muralha de Lugo, declarada Património da Humanidade, ou para a Torre de Hércules, na Corunha.

Mas se algo a converte numa referência europeia são as múltiplas vias do caminho que conduz a Santiago de Compostela, cidade reconhecida pela Unesco como património da humanidade, e ponto de encontro cultural dos milhões de peregrinos que ao longo da história percorreram as rotas jacobeias. Os Caminhos de Santiago, que conheceram o seu esplendor na Idade Média, foram declarados pelo Conselho da Europa como o Primeiro Itinerário Cultural Europeu, e atualmente são percorridos cada ano por milhares de pessoas.

Na meta do caminho jacobeu encontra-se a catedral de Santiago de Compostela, um dos principais símbolos da Galiza, pelo seu valor patrimonial, pela sua importância histórica na formação da própria identidade europeia, e pela sua projeção para a imagem da comunidade galega no exterior.
Com os seus mais de 30.000 núcleos de povoação, a paisagem galega encontra-se profundamente humanizada. Ao longo do território dominam as construções em pedra, principalmente igrejas, espigueiros e cruzeiros.

A Galiza conta também com uma riquíssima cultura musical, literária, teatral, etc. Também a cultura oral ajuda a manter vivos os costumes milenários, e um imaginário cheio de histórias em que se misturam a realidade e a fantasia. Esta cultura popular viva foi a que permitiu, durante séculos e até aos nossos dias, transmitir entre gerações a memória colectiva e a língua própria da Galiza.

História

história da Galícia remete a tempos muito antigos. Há sítios arqueológicos, como na Caverna Eirós, onde foi relatada a presença de Neandertais. Há reservas também da era Paleolítica no Baixo Minho e em Ourense. Entretanto, a primeira grande cultura identificada foi no Megalítico (5000 a.C).

A história da Galiza’ começa com o nascimento da própria Galiza, que é fixado tradicionalmente por volta do século XIX a.C., quando o Império Romano conseguiu anexar definitivamente os povos galaicos (kallaikoi) segundo o autor grego Estrabão, unificando-os pela primeira vez na história e denominando o seu território como Galécia (terra dos callaeci), e que acabou por derivar no actual nome “Galiza”, motivo pelo que é considerada como uma das entidades político-administrativas mais antigas de toda a Europa.

O facto de,  no ano 298 d.C., o imperador Diocleciano ter decidido elevá-la à categoria de província consular -alongando assim também o seu território- fêz um acréscimo da sua coesão política ao estar sob o governo de um cônsul romano. A sua definitiva consolidação estatal chegaria no ano 409 d.C. quando o rei suevo Hermerico funda nela o primeiro reino da Galiza, afiançando a existência da Galiza até aos nossos dias.

A ocupação humana do território correspondente à actual Galiza, não obstante, é bem mais antiga que a chegada de Roma, existindo testemunhos arqueológicos que certificam o seu povoamento desde o Paleolítico Inferior. Estas populações receberam diversos aportes culturais durante milénios, fazendo parte já na Idade do Bronze da área cultural atlântica que se deu entre as terras mais ocidentais da Europa. No fim da Idade do Ferro estas populações autóctones formavam uma unidade cultural, que os romanos denominaram como galaicos e que supõem ser o principal substrato da população actual na Galiza.

Do mesmo modo, durante os séculos seguintes Galiza recebeu sucessivos assentamentos de gente, entre os quais se destacam romanos, suevos e bretões, que não só se integraram na população autóctone como também influíram decisivamente na sua vida, como foi o caso da cultura romana que propiciou a formação de uma nova língua autóctone, o galego-português. Até o ano 1833 a Galiza manteve-se como um reino, no ano 1933 foi reconhecida internacionalmente como “nação” pela Sociedade de Nações e desde 1981 organiza-se jurídica e administrativamente como uma Comunidade Autónoma dentro do Estado Espanhol.

PALEOLÍTICO

As primeiras provas líticas da presença humana na Galiza remontam há uns 300.000 anos, no Paleolítico Inferior, durante o Pleistoceno Médio. Apareceram restos destes povoadores por todo o litoral, desde Rivadeu até à Guarda. Estes restos são instrumentos líticos, que nos mostram uma indústria Acheulense à base de bifaces, fendedores, triedros… realizados sobre uma base de seixos ou quartzo. Conhecem-se duas culturas, o Paleolítico Inferior Arcaico (ou “cultura dos seixos talhados”) e o Paleolítico Superior Arcaico ou Acheulense. A técnica é mais simples na primeira delas. As indústrias são simples e o número de tipos reduzido.

Os seres humanos do Paleolítico Inferior viviam em hordas,ou seja, grupos de caçadores-colectores que praticavam o nomadismo. Alimentavam-se dos frutos que recolhiam e da caça, que praticavam em tribos. Também praticavam a pesca e a colecta de marisco, quando viviam em zonas nas quais podiam fazê-lo.

Já durante o  Paleolítico Médio a indústria característica é heterogénea, diversificada, elaborada pelo homem de neandertal ( do que se documenta a sua presença no noroeste peninsular graças ao achado de um sítio na Cova Eirós, em Triacastela, com matéria orgânica e ferramentas do Paleolítico Médio).

O Paleolítico Superior espalha-se entre os anos 30.000 e 8.000 a.C., época da qual encontramos instrumentos tanto de pedra como de ossos, realizando-se neste material punhais, arpões, agulhas, etc. Na Galiza encontram-se abundantemente sobretudo sob rocha, entre os quais encontramos uma indústria Aziliense à base de sílex, cristal de rocha, pórfidos cuarcíticos, quartzos e cuarcitas mais ocre. As ferramentas mais características são os burís, as tesoiras de dorso rebaixado e as raspadeiras.

OESTRIMIOS

Uma delas é o megalitismo, que na Europa se desenvolve desde o Neolítico até a Idade do Bronze caracterizando-se pela presença de (megálitos), construções realizadas com pedras de grandes dimensões. À luz das datações arqueológicas e síntese historiográficas até à data, não se recomenda assumir como provado o começo desta nova cultura antes de 4300 a.C. tanto na Galiza como no norte de Portugal, onde se origina o megalitismo atlântico ao estender-se por toda a fachada atlântica. A cultura do “megalitismo atlântico” vive o seu apogeu peninsular entre 3000 a.C. e 2300 a.C. e manifesta-se de forma homogénea numa área que compreenderia o norte de Portugal, Galiza, Astúrias, Leão e Zamora de maneira que a sua área de implantação seria o precedente da futura Galécia.

Os megálitos que mais abundam são os sepulcros funerários, construções formadas geralmente por um túmulo em torno de um dólmen interior com ou sem corredor a princípio, no qual se depositavam os cadáveres e um enxoval funerário. Estes dólmens encontram-se frequentemente agrupados em necrópoles situadas em planícies ou planaltos e proliferam sobretudo na vertente setentrional e ocidental da actual Galiza.

O grande número de dólmens induzem à existência de uma população densa e dispersa que, segundo as análises arqueológicas, fazia uso de uma criação de gado primitiva baseada na criação de bois, porcos, cabras e ovelhas e uma agricultura de cereais e leguminosas pouco sofisticada, o que obriga-los-ia a seguir dependentes das técnicas mesolíticas de caça e colecta. A sociedade megalítica galaica não desenvolveu uma hierarquização social significativa, como demonstram os ascéticos uniformes dos sepulcros ou os enterros colectivos, nos quais abundam mais os utensílios de finalidade produtiva que os objectos de enfeite. Tratava-se de uma “sociedade igualitária, composta de pequenas comunidades, pouco belicosa e assentada de forma dispersa” no território. As suas características mais destacáveis seriam a sua surpreendente habilidade arquitectónica —o que revela uma grande capacidade de organização do grupo—, e sobretudo a sua capacidade de abstracção e transcendência manifestada num profundo sentido religioso, constatável na grande quantidade de sepulcros. As gravuras encontradas nestes sepulcros descrevem uma “mitologia centrada na fecundidade e na morte”, emergindo a figura do celebrante ou mediador entre os deuses e os seres humanos.

As tecnologias megalíticas começam a desaparecer com a chegada das técnicas metalúrgicas. No entanto a identidade cultural forjada no período megalítico não desaparecerá, pelo contrário continuará transmitindo-se no decorrer do terceiro ao primeiro milénio a.C., como demonstra a existência dos petróglifos, litografias realizadas em pedra granítica ao ar livre.

A homogeneidade técnica e temática desta expressão cultural permite definir a existência de um grupo galaico de arte rupestre caracterizado por uma temática abstracta que ocupa a maior parte da superfície, rodeada por elementos de uma temática naturalista, geralmente zoomorfa e antropomorfa junto com elementos como armas, escudos e ídolos-cilindro. Ainda que os elementos naturalistas sejam os que caracterizam e diferenciam a litografia pré-histórica galaica em frente aos seus equivalentes europeus, são os motivos abstractos —em especial labirintos, tramas geométricas e tríscelese- os que consolidar-se-ão na cultura castreja.

IDADE DO BRONZE ATLÂNTICA

Entre o Megalisimo e o Bronze há uma etapa denominada Calcolítico, datada entre o 2.000 e o 1.800 a.C., e na que se produz o aparecimento da metalurgia. Incrementou-se a estabilidade dos assentamentos. As cistas (câmaras de pedra mais pequenas, não soterradas e individuais) substituem os dolmens, o que nos fala de uma certa elite social. Aparecem punhais de cobre, cilindros de ouro, machados e as primeiras jóias.

Podemos falar de três períodos cronológicos referidos à fundição do Bronze no noroeste peninsular:

Já no Bronze inicial, encontramos uma conexão intensa com a costa ocidental atlântica. As peças de tiras e os aros têm os seus concomitantes nas terras litorais do ocidente europeu e nas Ilhas Britânicas. Destaca-se na Galiza o tesouro de Caldas de Reis: a maior acumulação de ouro da Pre-História da Europa Ocidental.

No segundo milénio antes de Cristo já podemos falar de uma cultura galaica plenamente aberta a ocidente com um novo metal: o bronze. Estoques de lingueta trapezoidal, espadas com empunhaduras de remate, espadas pistiliformes, machados tubulares e com anéis parecem-nos falar de uma sociedade aristocrática onde o espírito bélico condiciona a vida quotidiana. Salienta o capacete de ouro de Leiro (Rianjo). Galiza aparece plenamente conectada com o intercâmbio atlântico.

Outra manifestação plástica de enorme interesse são os gravados em pedra denominados petróglifos, que na Galiza têm a singularidade de um maior naturalismo que noutras áreas. Cérvidos, círculos, labirintos, armas, círculos concêntricos, caçoletas conservam uma simbologia misteriosa (cúltica, cósmica, ou transcendente) ininteligiveis em alguns dos casos.

IDADE DO FERRO (SÉCULOS VIII A.C. ATÉ I D.C.)

Ruínas do Castro de Borneiro, povoamento habitado desde finais da Idade do Bronze e durante a Idade do Ferro.

A cultura castreja, ou cultura dos castros, foi um conjunto de manifestações culturais do noroeste da Península Ibérica que durou desde finais da Idade do Bronze (século IX ou VIII a.C.) até o século I d.C. A sua característica mais notável são os povoados amurados conhecidos como castros (do latim castrum, acampamento), do que toma o nome; só recebem o nome de citânias determinados castros portugueses (como, por exemplo, o de Briteiros). A sua área de extensão chega até os rios Navia e Cúa pelo leste e o Douro pelo sul.

Desenvolveu-se durante a Idade do Ferro sobre um forte substrato indígena da etapa final da Idade do Bronze. A esta componente pre-castreja somaram-se-lhe influências culturais centroeuropeias, atlânticas e mediterrâneas. No lento período formativo, que durou até o século V a.C. os castros foram-se estendendo de sul a norte e da costa para o interior. Esta cultura desenvolveu-se a seguir durante dois séculos e começou a ser influenciada pela cultura romana no século II a.C. e continuou na forma de cultura galaico-romana depois da conquista e até os séculos III ou mesmo o IV d.C.

OS GALAICOS

A Palhoça, -tipologia de casa galaica ainda presente nas montanhas galegas orientais-, foi desde a Idade do Ferro até à Idade Média comum a toda a Galiza.

No fim da Idade do Ferro, as gentes do extremo norte-ocidental da Península Ibérica conformavam já uma unidade cultural homogénea que as diferenciava do resto e que tempo depois seria percebida pelos primeiros autores grecolatinos, que denominaram  este conjunto de povos com o nome de Gallaeci (galaicos), talvez pela aparente semelhança com os já conhecidos Galli (galos) e Gallati (gálatas). Os Gallaeci ou Galaicos foram originariamente um povo indo-europeu de língua celta, portanto celtas para uns autores, celtizados para outros -sem que exista pleno consenso entre os investigadores- que ocuparam durante séculos aproximadamente o território da actual Galiza e norte de Portugal, limitando ao sul com os lusitanos e ao leste com os astures. São em si os primeiros “galegos”, nome actual que deriva de Gallaeci sendo quotidianamente empregado como cultismo para referir-se ao relativo a Galiza ou aos galegos, não obstante, percebe-se historicamente a cultura galaica como aquela prévia à anexação ao Império Romano.

O modo de habitat dos galaicos estava baseado na ocupação do território especialmente em povoados fortificados que receberam o nome de “castros”, podendo variar o seu tamanho desde pequenas aldeias de menos de 1 hectare mais usuais no norte, e de grandes castros de mais de 10 hectares que receberam o nome de oppida ou “citânias”, estando estes mais presentes na metade sul do seu povoamento tradicional. Este modo de habitar o território, em castros, foi comum em toda a Europa durante a Idade do Bronze e do Ferro, recebendo no noroeste da Península Ibérica o nome de “cultura dos castros” ou “cultura castreja”, que alude a este tipo de manifestação cultural antes da chegada de Roma, contudo os galaicos seguiriam a habitar castros até o século VIII d.C. Só no território da Galiza actual chegam a contar-se mais de dois mil castros, o que revela uma enorme dispersão populacional da Idade do Ferro em toda a Europa, que seria em boa medida a origem da ocupação galega do território, herdada até ao presente, e caracterizada por pequenas e numerosas populações distantes entre si.

A organização política dos galaicos articulava-se em pequenos estados independentes entre si compostos por um número variado de castros, encabeçados estes estados pela figura de um rei local que os romanos denominaram princeps como em outras partes da Europa. Cada galaico identificava-se a si mesmo como membro do castro que habitava (segundo a interpretação mais comum do C invertido da epigrafia posterior) assim como do estado/povo ao qual pertencia, e que os romanos denominaram populus, entre os quais encontramos numerosos nomes como arrotrebi, albioni, celtici supertamarici, lemavi, nemetati, etc., do mesmo modo que até ao fim do século XVIII a gente na Galiza se identificava com a freguesia e a comarca.

INTEGRAÇÃO NO IMPÉRIO ROMANO (19 A.C. – 409)

CONQUISTA DA GALÉCIA E TRANSFORMAÇÕES ECONÓMICAS

Os interesses de Roma no Noroeste da antiga Hispania leva-nos a supôr o começo dos conflitos armados entre Roma e os galaicos no fim do século I a.C. Ainda que o general Décimo Junio Bruto lograsse controlar efemeramente os povos galaicos mais meridionais na sua campanha do ano 137 a.C., não foi até ao fim das Guerras Cantábricas (29 a. C.-19 a. C.) quando galaicos, astures e cantabros foram definitivamente anexados a Roma.

Além da guerra, o Império Romano valeu-se de tratados de paz (chamados pactos de hospitalidade) com os diferentes povos galaicos, o que na prática favoreceram a sua integração -sem derramamento de sangue- no Império. Conquistado o território e as suas gentes  pela guerra ou  por tratados-, o Império romano assegurou seu controlo militar como era costume com numerosos acampamentos onde se albergavam legiãos ou ” cohortes” tais como os de Aquis Querquennis, A Ciadelha (Sobrado dos Monxes) ou o próprio Lugo.

Entre os anos 284 e 305, o imperador Diocleciano acometeu a reorganização administrativa do Império. Na Península Ibérica criaram-se duas novas províncias (Galécia e Cartaginense) a partir das já existentes: Baetica, Tarraconensis e Lusitania. Assim, a nova província baixo o nome de Galécia ocupou o extremo nor-ocidental da Península Ibérica que anteriormente pertenceu à Tarraconensis, e esteve formada pelos territórios da região de Asturia e da própria Galécia. É destacável que entre todas estas capitais de convento (Lugo, Braga, Astorga) era a cidade de Bracara Augusta a que exercia de capital provincial de toda a Galécia, organizada administrativamente em três conventos jurídicos. Esta província do noroeste hispânico foi, pela sua importância militar, uma província imperial, não senatorial, controlada por uma forte legião na actual Leão e com campamentos como o de Aquis Querquernis (mansão na via Nova), Cidadelha ou a própria cidade de Lugo.

O Império Romano estendeu sobre a Galécia a sua rede viária, conectando as principais populações, portos e vilas (villae) com quatro grandes vias: a Via XVII, a Via Nova ou Via XVIII, a Via XIX e a Via XX. Junto à vias, o Império Romano também construiu pontes (como as do Bibei, Ourense), canalizações, mas também faróis (como a Torre de Hércules), portos, grandes muralhas como a de (Lugo), assim como outras instalações que favoreciam a exploração económica do território conquistado e a sua integração no resto o Império.

ANTIGUIDADE TARDIA (409-711)  //  A MONARQUIA SUEVA (409-585)

A começos do século V, o Império Romano de Ocidente experimentou uma grande instabilidade militar, económica e política. Desde o centro da Europa (especialmente desde o território da actual Alemanha), numerosos povos germânicos; suevos, saxões, francos, alanos e outros, começaram a atacar os postos fronteiriços romanos no rio Rhin, irrompendo finalmente no Império o 31 de Dezembro do ano 406 e assentando-se no seu interior pelas armas, mas também graças a pactos pacíficos.

Arredor do ano 409, dirigidos pelo seu rei Hermerico, grande parte dos suevos (estima-se que cerca 40.000 pessoas) chegaram à província romana da Galécia, onde possivelmente assentaram-se graças a um pacto com Roma, decidindo estabelecer a sua capital na cidade de Bracara Augusta (Braga, Portugal). Este pacto chamado foedus permitia aos suevos governar a província da Galécia como um reino próprio (Galliciense Regnun), desde que estes aceitassem o imperador romano como o seu superior. O historiador galaico Idácio de Chaves narrava então que os suevos foram bem recebidos pela população galaico-romana, pois aliviaram os impostos.

Após a morte de Hermerico, o seu filho Réquila (438-448) assumiu o trono e dirigiu expedições de saque, anexando o norte da província romana da Lusitania, integrando-se suevos e galaico-romanos. Isto põe de manifesto a plena independência com respeito ao Império.

Réquila foi sucedido por Requiário (448-456), quem adoptou o catolicismo no ano 449, manifestação pioneira de uma nascente concepção do governo apoiada na Igreja católica. Também foi Requiário o primeiro rei europeu em a cunhar moeda própria, a qual fazia referência ao carácter galaico do Reino. Roma enviou um exército integrado por visigodos e no ano 456 teve lugar a batalha do rio Órbigo, que enfrentou romanos e visigodos contra suevos, com a derrota destes últimos e que teve como consequência o assassinato de Requiário.

Após a derrota contra os visigodos, o reino suevo dividiu-se e foi governado simultaneamente pelos reis Frantano e Aguiulfo. Esta situação durou desde 456 até 457, ano no qual Maldras (457-459) reunificou o reino, mas uma conspiração romano-visigoda acabou com sua vida. Apesar da conspiração não ter conseguido os seus autênticos propósitos -a eliminação do reino-, o reino suevo viu-se novamente dividido entre dois reis: Frumario (459-463) e Remismundo (filho de Maldras) (459-469) o qual reunificou novamente o reino do seu pai no 463 e viu-se obrigado a adoptar o arianismo no 465 devido à influência visigoda.

A época escura finalizou com o reinado de Carriarico (550-559) que se converteu novamente ao catolicismo no 550, facto que significava a ruptura com os visigodos. Este, foi sucedido por Teodomiro (559-570) (não se confunda com Teodomiro, rei dos ostrogodos) durante o reinado do qual celebrou-se o Primeiro Concílio de Braga (561), instituindo-se esta assembleia como órgão assessor do rei. Destaca-se neste período a figura de Martinho de Dume pela sua participação na organização territorial (parroquiale suevorum) e na legitimação cristã de um governo estável sobre uma população plenamente integrada e unida.

Teodomiro foi sucedido por Miro (570-583). Durante o seu reinado celebrou-se o Segundo Concilio de Braga (572), consolidando-se o seu contributo à governação e estabelecimento da justiça. Aproximadamente no ano 577 iniciou-se a guerra civil visigoda na qual interveio o rei Miro, que no ano 583 organizou uma campanha de apoio a Hispalis (Sevilha) que fracassou. Durante o regresso desta expedição o rei morreu e no reino suevo começaram a produzir-se muitas lutas internas. Eborico (583-584) foi destronado por Andeca(584-585) que errou na sua tentativa por evitar a invasão visigoda dirigida por Leovigildo que se fez efectiva finalmente no ano 585.

CHEGADA DOS BRETÕES E FUNDAÇÃO DA DIOCESE DE BRITÂNIA

A situação política da ilha de Grã-Bretanha (Britânia) entre os séculos IV e VII, mudou completamente com o abandono da ilha por parte de Roma e o constante estabelecimento de tribos anglo-saxónias -procedentes do norte da Alemanha e Dinamarca- na parte oriental de Britânia. As constantes agressões e hostilidades dos jutos e anglo-saxões contra os nativos -bretões- propiciaram que parte da população emigrasse via marítima a pontos próximos da costa atlântica, dirigindo-se maioria às costas da Armórica (que devido a isto acabaram por tomar o nome actual de Bretanha) e minoria ao norte da antiga Galécia.

Desconhece-se a causa do deslocamento de alguns contingentes bretões para a costa norte da Galiza e o acolhimento do seu assentamento pelos galaico-suevos, alguns autores manifestam um possível pacto militar, ou singelamente uma aceitação com condições desconhecidas actualmente. Organizados num importante território, introduziram a sua original organização religioso-cristã algo diferente e fundaram um bispado próprio que aparece citado no Parrochiale Suevum ou Divisio Teodomiri, um documento que mostra a organização eclesiástica do reino da Galiza em época da monarquia sueva datado entre 572 e 573. A sua integração religiosa foi total, assistindo o seu representante -Maeloc- ao Segundo Concílio de Braga no ano 572.

O território da antiga diocese dos bretões -Britânia- ocupou principalmente a faixa costeira da Marinha Luguesa até à comarca da Terra Chá, chegando a sua influência até às costas da comarca do Eu-Navia pelo leste, e de Ferrol pelo oeste. A sua antiga sede, conhecida com o nome de Mosteiro Máximo foi identificada por alguns autores com a Basílica medieval de São Martinho de Mondonhedo, onde se encontram restos do séculos V-VI d.C. Mudando de sede e nome em várias ocasiões, a actual diocese galega de Mondonhedo é a sua sucessora histórica.

O assentamento desta onda de emigrantes bretões e a criação de uma diocese religiosa própria supõe o segundo maior assentamento de um povo estrangeiro em terras galegas, depois dos suevos.

A MONARQUIA VISIGÓTICA (585-711)

Coroa votiva do rei visigodo Recesvinto († 672), rei de Galiza (Gallecia), Spania e Septimania.

No ano 585, o rei visigodo Leovigildo tomou o controlo do reino da Galiza, aproveitando uma disputa interna no reino e derrotando ao último monarca suevo, Andeca. Deste modo, o território da então Galécia passou a fazer parte dos domínios dos reis visigodos,depois de serem expulsos da Gália pelos francos se limitavam a Hispania e a Septimania desde o ano 507.

Aceitos pelas elites galaico-suevas, os novos monarcas visigodos, que apesar de terem sua corte em Toledo, assumiam o controlo político de três antigos reinos: Hispania, Septimania e Galécia. Desta maneira, nos concilios religiosos como o realizado em Toledo no ano 589 estavam presentes episcoporum totius Hispaniae, Galliae et Gallaetiae , como”bispos de toda Hispania, Gália e Galécia”, esta concepção tripartita encontra ao longo do governo visigodo desde o ano 585, diferenciando mediante diversas fórmulas as três entidades visigodas nos documentos como: fines Spanie, Gallie, Gallecie ou Spaniae et Galliae vel Gallitiae, entre outras. Destaca-se neste contexto a figura de Frutuoso de Braga, bispo galaico de ascendência visigoda, famoso pelas numerosas fundações levadas a cabo por ele em todo o ocidente peninsular, quase sempre em lugares agachados nas montanhas e mesmo ilhas, destacando sua austeridade.

O facto de que a Galécia seguisse a possuir um status especial dentro da monarquia visigoda propiciou que o rei Égica cedesse ao seu filho Vitiza o governo da Galiza (antigo reino dos suevos) desde o 698 até o 702, quando morto o seu pai, assumiu o governo de Hispania e Septimania. Após a sua morte de Vitiza, um sector aristocrático visigodo impediu a subida ao trono do seu filho Axila, impondo pela força a Rodrigo, o que originou um irresolúvel conflito civil entre os seus partidários e os dos filhos de Vitiza. Foi no ano 711 quando os inimigos de Rodrigo lograram que um exército muçulmano cruzasse o estreito de GIBRALTAR e combatesse Rodrigo em Guadalete, onde este foi derrotado, facto que marca o fim do governo visigodo em Hispania, e que terá uma transcendência histórica total para as duas restantes entidades políticas: Galécia e Septimania.

No ano 715 Abd al-Aziz ibn Musa tomou por esposa à viúva de Rodrigo, de nome Egilona intitulada reginam Spanie, confirmando a continuidade dinástica, transferida assim legitimamente ao governador muçulmano. Deste modo, com a conquista de toda Spania pelos muçulmanos, além das suas fronteiras, os emires cordobeses seriam conhecidos com o título de rex Spanie. A partir desse momento começou uma nova concepção geográfica, pois “Espanha” vai ser o nome com o qual se designará o território muçulmano, e Galiza ao território cristão. Assim o historiador Al-Maqqari deixa claro a extensão do domínio muçulmano ao referir-se à conquista do começo do século VIII:

 Não ficou lugar sem dominar em Al-Andalus se exceptuarmos o país da Galécia.

 AS INVASÕES ESCANDINAVAS E VIKINGS (844-1038)

Barco viking (drakar) no Museu naval de Oslo. Grandes frotas de barcos como este assolaram as costas do reino da Galiza durante a Idade Média..

Procedentes de Escandinávia -em especial desde Noruega, Suécia e Dinamarca, vikings e normandos devastaram e invadiram durante séculos as costas europeias, preferivelmente as atlânticas -como as galegas-, chegando também ao Mediterrâneo oriental. Tradicionalmente consideram-se quatro os períodos de incursões ou vagadas escandinavas que afectaram o reino da Galiza durante a Idade Media; a primeira, arredor do ano 844, a segunda (858-861), a terceira (966-971) e a quarta -e derradeira- (1008-1038).

A primeira vagada na Galiza registou-se em 1 de Agosto do ano 844, em pleno reinado de Ramiro I. Procedentes de uma extraordinária disparada de saque por terras frisas, francas, bretonas e cantábricas, atacaram o norte da Galiza, instalando-se temporariamente nos arredores do Farum Bregatium (Corunha), de onde levaram a cabo numerosos assaltos como o que sofreu o mosteiro de São Martinho de Juvia. A intervenção dos exércitos de Ramiro I, comandados pelo duque Argimiro conseguiu expulsá-los de terras galegas,quebrando a frota viking que pouco depois tomava rumo a Al-Andalus.

A segunda incursão escandinava teve por objecto as rias baixas galegas entre os anos 858 e 861. Nesta ocasião, vindos desde os seus assentamentos na Irlanda, penetraram na ria de Arousa com cem naves, acampando nas imediações de Iria Flavia (Padrón). Desde os seus postos, arrasaram Iria Flavia e sitiaram a própria Compostela até a chegada do exército do conde Pedro, que arrasou mais de uma trintena de “dracars”, obrigando-os a fugir.

Pouco mais de cem anos depois -no ano 966-, uma nova frota de vikings dinamarqueses encabeçada pelo nobre Gunderedo, penetrou de novo pela ria de Arousa na que se conhece como terceira vagada viking. Dirigidos a saquear Compostela, o bispo Sisnando II saiu ao seu encontro com um grande exército episcopal, libertando-a a 29 de Março do ano 968 , conhecida como “batalha de Fornelos”, onde o próprio bispo perdeu a vida com uma flechada e o seu exército foi derrotado. Dispersadas as tropas de Gunderedo pelo interior da Galiza (Lugo, Mondoñedo e o Courel), estas foram finalmente rejeitadas por um exército galego ao mando do conde Gonçalo Sanches e do bispo Rosendo de Celanova no ano 971.

Não obstante, foi o intervalo entre 1008 e 1038 quando se sucederam os ataques vikings mais violentos nas costas da Galiza. Depois de devastar Braga no ano 1008, chegava às terras de Tui, uma enorme frota norueguesa ao mando do rei Olavo II da Noruega. Apesar da defesa levada a cabo pelas tropas do duque galego Mendo Gonçalves, estas foram aniquiladas -também o próprio duque- pelos atacantes vikings que assolaram a cidade de Tui e raptaram o seu bispo Afonso. No ano 1028 uma nova frota escandinava entrou pela ria de Arousa, liderada pelo nobre Ulf, mais tarde alcunhado “o Galego”. Longe de ser um mero ataque de saque, as tropas de Ulf serviram como mercenários a aristocratas galegos, permanecendo dez anos no reino da Galiza até a sua expulsão.

O FIM DA MONARQUIA GALEGO-LEONESA (1230)

Representação medieval de Afonso IX, ultimo rei da Galiza e Leão. Na parte inferior representa-se o leão púrpura símbolo da monarquia galego-leonesa.

O facto, no ano 1230, do rei castelhano, Fernando III de Castela, se ter apoderado dos reinos da Galiza e Leão após a morte do seu rei, Afonso IX, marcou um dos acontecimentos políticos mais decisivos em toda a história da Galiza.

Em realidade o conflito remonta-se a anos anteriores, com os dois matrimónios do rei Afonso IX da Galiza e Leão; o primeiro, com a princesa portuguesa Teresa Sanches (1191) -do que nasceram três filhos; Fernando, Dulce e Sancha- e o segundo, com a princesa castelhana Berengária (1197) -do que nasceu entre outros Fernando III de Castela-. A morte inesperada do herdeiro e futuro rei da Galiza e Leão; Fernando, irmão de Dulce e Sancha, e a coroação de Fernando IIII como rei de Castela, impulsionada pela sua mãe Berengária e os nobres castelhanos  contra a vontade de Afonso IX, abriu-se uma profunda disputa sobre quem deveria ser o novo herdeiro da Galiza e Leão.

Já no seu leito de morte em Sarria, o rei Afonso IX selou um testamento de herança onde se moldava a sua última vontade; as suas filhas, Dulce e Sancha seriam as rainhas legítimas da Galiza e Leão após a sua morte, protegendo deste modo a independência política destes reinos e impedindo sobretudo que caíssem nas mãos do seu filho, o rei castelhano Fernando III. Longe de acatar este testamento, e seguindo com a sua política expansionista, Fernando III reclamou os reinos da Galiza e Leão para si, ameaçando em tomá-los pela força numa guerra aberta. Embora a nobreza galega e asturiana estivesse disposta a defender com as armas o cumprimento do testamento real e a proclamação de Dulce e Sancha como rainhas, a aristocracia de Leão (junto os bispos de Lugo, Oviedo e Mondoñedo), mais achegada geográfica e culturalmente a Castela, apoiou maioritariamente as pretensões do rei castelhano, inclinando a balança para Fernando. A sombra de uma guerra civil e o iminente conflito armado contra Leão e Castela forçaram um pacto diplomático entre as viúvas de Afonso IX, motivo pelo que o rei castelhano se apoderava do trono em troca de não invadir a Galiza nem Leão e pagar uma renda anual a Dulce e Sancha em conceito de compensação pela privação dos seus direitos reais.

Galiza (também Leão) perdeu desde este momento uma casa real própria que garantisse a sua soberania e unisse sua nobreza; em contra partida , convertiu-se num reino periférico, governado desde e por Castela e cujas cidades foram perdendo poder em detrimento das cidades castelhanas. Tal situação levou aos nobres galegos a se alterarem em numerosas ocasiões contra Castela, proclamando um novo rei, e mesmo coroando  Fernando I de Portugal, e o inglês João de Gante, como soberanos legítimos da Galiza.

FLORESCIMENTO E ESPLENDOR CULTURAL (SÉCULOS XIII-XIV)

Esta é a etapa de maior esplendor da literatura galego-portuguesa. O galego-português converte-se na língua por excelência da lírica em toda a Península Ibérica, excepto em Catalunha (poesia trovadoresca). Propriamente devemos falar de lírica galego-portuguesa, estando em apogeu nos séculos XIII e primeira metade do XIV, quando o galego-português atinge a categoria de língua internacional, já que está presente tanto em autores não só galegos e portugueses, mas também em castelhanos, occitanos, aragoneses, sicilianos, etc. como em cortes reais e aristocráticas (Santiago, Toledo, Coimbra, Lisboa…)

As Cantigas de Santa Maria, composições feitas em louvor da Virgem Maria, são a amostra da vertente religiosa desta lírica galego-portuguesa e constituem o corpus de poesia mariana medieval mais relevante de toda a Península. Foram compostas na corte de Afonso X, o Sábio, que se encarregou da direcção e, em ocasião, da própria elaboração. Exemplificam o prestígio atingido pelo idioma galego-português como língua literária no fim do século XIII.

Em comparação com a lírica, a prosa literária medieval em galego-português é escassa e tardia. É preciso ter em conta que os centros culturais da época eram os mosteiros e escolas monacais, nos quais imperava o uso do latim eclesiástico. Ainda assim, a partir de fins do XIII, e mais significativamente nos séculos XIV-XV, os temas de maior difusão na Europa medieval recolhem-se em língua galego-portuguesa. Amostra são os relatos do ciclo bretão arredor da figura do rei Artur, os textos referentes à história e destruição de Troia, como a História Troiana e a Crónica Troiana; e os Miragres de Santiago, conjunto de relatos que contam desde a destruição de Jerusalém até a milagrosa intervenção do Apóstolo em diferentes situações. Incluem-se alguns textos dentro da prosa, que são traduções ou versões de outras línguas com elaboração própria: Crónica Geral Galega, General Estoria, Crónica Galega de 1404 e Crónica de Santa María de Iria.

Artesanato

Os artesãos da Galiza abrem as suas oficinas ao público. Uma oportunidade para ver ou adquirir algum dos seus trabalhos. Trabalhos em cerâmica, cestaria e bordados são alguns destaques desta atividade, por estes lados da Espanha. Infelizmente pouquíssima matéria sobre a história  tradição desta  atividade é disponibilizada, predominando as fotos e o foco comercial.

 

Danças

A dança típica galega é a Muinheira, originada dos moinhos onde as mulheres dançavam enquanto esperavam o trigo ou o milho ficar prontos. O principal instrumento é a gaita galega, as roupas são as tradicionais galegas e o ritmo é agitado. Dança-se com os braços levantados para cima e em pares. A forma mais tradicional da Muinheira é a de dois pares acompanhada da pandeireta e a mais nova tem mais pares e tem como base a música erudita.

Baile é o termo para danças sociais, embora também existam danças com armas como danzas de palillos (danças com bastões), danzas de espadas (danças com espada) e danzas de arcillos (danças com arcos decorados), uma marca registrada da tradição folclórica cantábrica. Outras canções de dança populares na área incluem a jota , pasacorredoiras ( pasacalles , asturiano: pasucáis ) e o fandango , mazurca , polca , rumba e pasodoble importados .

Carnaval

Entroido, o tradicional Carnaval da Galícia, acontece em data variável – entre meados de fevereiro e março – nos quatro dias que precedem a quarta-feira de Cinzas.

Entroido, antroido, entruido, entrudio, entrudo e carnaval, são todas palavras usadas para denominar a celebração de caráter ancestral e origem pagã, que marca o fim do inverno, a chegada da primavera e também a entrada da Quaresma, os 40 dias que antecedem a Páscoa.
A festa exige liberação e por isso tem sido, por gerações, a mais divertida, incendiaria e rebelde do ano. Uma época na qual o uso de máscaras permite diminuir as repressões sociais e transgredir as normas é a lei.

O Entroido - Carnaval da Galícia - uma das poucas regiões da Espanha que a manteve a festividade durante sua proibição na ditadura franquista - é tão importante que nove deles foram oficialmente declarados de Interesse Turístico.

A região natural do Vale do Ulla – localizada entre as províncias de La Coruña e Pontevedra e conhecida como o "pomar e jardim de Compostela" – posui um carnaval rural, antigo e original. Os personagens mais importantes são os "xenerais" (generais) e "correos" (cavaleiros de expedição), que fardados, recriam os enfrentamentos bélicos vividos na comarca – como a invasão do exército de Napoleão, a revolução de 1846 e as Guerras Carlistas – e satirizam questões políticas e sociais locais do ano anterior.

As máscaras, maquiagens e fantasias concentram-se no desfile da terça-feira de Carnaval, que conta com bandas, grupos de dançarinos, malabaristas e atores que se apresentam em carros alegóricos, além dos blocos formados por vizinhos e amigos que percorrem a cidade. duas pessoas com máscaras de homens sorrindo, com barba e um chapéu no estilo de Napoleão

Na quarta-feira de cinzas – último dia de festa – acontece o segundo desfile. Trata-se de um cortejo burlesco que termina com a queima do Meco (boneco que representa o Carnaval) em uma das praças da cidade. Sua triunfal aparição e trágica morte marcam o começo e o fim das festas, respectivamente.

Morrem simbolicamente com o Meco todas as falhas das quais os “foliões” querem se livrar, como a luxúria, a hipocrisia e a soberba.
Fazer o Caminho de Santiago nesta época é uma ótima oportunidade de desfrutar do ambiente festivo, dos impressionantes desfiles, da variedade e sabor das comidas festivas e de conhecer uma faceta diferente e colorida desse mosaico cultural que o compõe.

Música

Há muito que se pensa que a música galega e asturiana podem dever as suas raízes à antiga história celta da região, na qual se presumia que alguma desta influência ancestral tinha sobrevivido apesar da longa evolução das tradições musicais locais desde então, incluindo séculos. de influências romanas e germânicas. Quer seja este o caso ou não, grande parte do folk-rock tradicional galego e asturiano comercial moderno dos últimos anos foi fortemente influenciado pelos irlandeses , escoceses e galeses modernosestilos "folclóricos". A Galiza é hoje um jogador forte na cena folk celta internacional. Como resultado, elementos da tradição pré-industrial galega foram integrados ao estilo e repertório folclórico celta moderno. Muitos, entretanto, afirmam que a denominação "Céltica" é meramente uma marca de marketing; a conhecida gaiteira galega Susana Seivane , disse “Penso que [o apelido 'Celta' é] uma editora, para vender mais. O que fazemos é música galega”. Em todo o caso, devido à marca celta, a música galega é a única música não castelhana de Espanha que tem uma audiência significativa para além das fronteiras do país. Alguns galegos e asturianos reclamaram que o "boom celta" foi o golpe mortal final em tradições musicais outrora altamente distintas.

A cultura celta é conhecida por ter se estendido por uma grande parte da Península Ibérica já em 600 AC. Durante os séculos 2 e 1 aC, o Império Romano conquistou lentamente a Península Ibérica , que eles chamaram de Hispânia. As regiões celtas travaram uma longa e feroz luta para manter sua independência, mas foram subjugadas. Nos séculos que se seguiram, a língua dos romanos, o latim , veio a suplantar gradualmente quase todas as línguas anteriores da península, incluindo todas as línguas celtas, e é o ancestral de todas as línguas atuais da Espanha e Portugal, incluindo galego e astur - leonês - mirandêsmas não basco. A partida dos romanos no século 5 levou à invasão de tribos germânicas . O povo Suebi conquistou o noroeste, mas a documentação deficiente do período não deixou claro seu impacto cultural na região. No século 6, um pequeno influxo celta final chegou da Grã-Bretanha; os britânicos receberam sua própria diocese, Britônia , no norte da Galícia. A Galícia foi então tomada pelo Reino Visigótico quando o reino Suebiano se desintegrou. A Galícia ficou sob o controle dos mouros depois que eles derrotaram os visigodos em 717, mas o domínio mouro foi pouco mais do que uma ocupação militar de curta duração, embora uma influência musical moura indireta tenha chegado mais tarde, por meio de trovadores cristãos. O domínio mouro acabou depois de duas décadas, quando sua guarnição foi expulsa por uma rebelião em 739. A região foi incorporada ao Reino das Astúrias e, após sobreviver aos ataques dos mouros e vikings, tornou-se o trampolim para a Reconquista .

Em 810, afirmava-se que os restos mortais de São Tiago , um dos apóstolos , haviam sido encontrados em um local que logo ficou conhecido como Santiago de Compostela . Tornou-se o principal destino de peregrinação da Europa na Idade Média . Supõe-se que isso teve um efeito significativo na cultura folclórica da região, pois os peregrinos trouxeram instrumentos musicais e estilos de lugares tão distantes como a Escandinávia e a Hungria .
Como nos períodos anteriores, pouco se sabe sobre as tradições musicais dessa época. São conhecidos apenas alguns manuscritos da época, como os do poeta e músico do século XIII Martín Codax , que indicam que alguns dos elementos distintivos da música atual, como a gaita de foles e as flautas, eram comuns na época. As Cantigas de Santa Maria , uma coleção de manuscritos escritos em galego antigo , também mostram ilustrações de pessoas tocando gaita de foles.

Renascimento
O renascimento do folclore galego atraiu artistas do início do século 20, como Perfecto Feijoo , um tocador de gaita de foles e sanfona . A primeira gravação comercial de música galega veio em 1904, por um coral chamado Aires d'a Terra de Pontevedra . A metade do século viu a ascensão de Ricardo Portela , que inspirou muitos dos artistas revivalistas, e tocou em bandas influentes como Milladoiro .

Durante o regime de Francisco Franco , exibições honestas da vida popular foram apropriadas para espetáculos politizados de patriotismo, causando uma queda acentuada na popularidade dos estilos tradicionais em favor da música moderna. Quando o regime de Franco acabou em 1975, a música galega e asturiana experimentou um forte renascimento e as gravações floresceram. A criação do Festival Internacional do Mundo Celta (1977), que ajudou a formar algumas bandas galegas. Os aspirantes a intérpretes começaram a trabalhar com bandas como Os Areeiras , Os Rosales , Os Campaneiros e Os Irmáns Garceiras , aprendendo os estilos folclóricos; outros foram para a renomada oficina de Antón Corral noUniversidade Popular de Vigo . Alguns desses músicos formaram então suas próprias bandas, como o Milladoiro .

Nos anos 1980 e 1990, alguns artistas galegos e asturianos começaram a ganhar fama na Espanha e na cena folk celta internacional. Entre os músicos galegos deste período está Uxía , uma cantora originária da banda Na Lúa , cujo álbum de 1995 Estou vivindo no ceo e uma subsequente colaboração com a cantora sudanesa Rasha , lhe rendeu seguidores internacionais. O aparecimento de Fía na Roca , (que significa "Giro na roda") foi sem dúvida um dos acontecimentos marcantes da cena musical galega dos anos 90. Fía na Rocafoi também o nome do seu álbum de estreia lançado em 1993. A sua mistura de tradição e modernidade levou a BBC a escolher a música deste álbum como banda sonora do programa de televisão que transmitiu a imagem galega para a Europa na celebração do Xacobeo de 1993 (de Santiago de Compostela Ano Santo).

Mas foi Carlos Núñez quem mais fez para popularizar as tradições galegas. A sua irmandade das estrelas de 1996 vendeu mais de 100.000 cópias e teve grande repercussão na mídia, em parte devido à colaboração com músicos estrangeiros renomados como La Vieja Trova Santiaguera , The Chieftains e Ry Cooder . Seu seguimento, Os amores libres , incluiu mais fusões com flamenco , música celta (especialmente bretã ) e música berbere . O álbum recebeu uma indicação ao Grammy Latino de Melhor Álbum Folk .

Outros jogadores de gaita de foles galegos modernos incluem Xosé Manuel Budiño e Susana Seivane . Seivane é especialmente notável como a primeira grande jogadora feminina, abrindo caminho para muito mais mulheres em um campo anteriormente dominado por homens. As cantoras mais populares da Galiza também são principalmente mulheres, incluindo Uxía , Sonia Lebedynski e Mercedes Peón .

Um renascimento da música tradicional das Astúrias também ocorreu durante este período. Artistas como o popular gaiteiro Hevia e grupos musicais como Llan de cubel e Tejedor ajudaram a chamar a atenção para a música folclórica asturiana tanto dentro das próprias Astúrias como no domínio mais vasto do "céltico" e cenas da world music. Músicos asturianos têm se destacado cada vez mais em eventos como o Festival Interceltique de Lorient, na França.

Presente
Na atualidade, as formas mais tradicionais de música tradicional têm seu público, assim como as variações que surgiram nas décadas de 80 e 90. Nos últimos anos, surgiram também novas tendências que misturam a música tradicional galega com a eletrónica. O primeiro sucesso que mistura a música tradicional galega com a eletrónica data de 1978, quando o grupo Son Lalín lançou a sua versão de Muiñeira de Chantada , criada pelo produtor Gustavo Ramudo . [1] Hoje em dia, Mercedes Peón e Baiuca se destacam.

Instrumentos tradicionais
Os instrumentos tradicionais da Galiza, Astúrias e Cantábria incluem a conhecida Gaita , uma espécie de gaita de foles , bem como uma série de instrumentos de percussão e sopro .

Instrumentos de sopro
Os instrumentos de sopro populares da região incluem o pitu montañés cantábrico , uma espécie de xale cônico com sete orifícios na frente e um atrás, que é tocado de maneira semelhante ao cantador de gaita de foles . Embora fosse tradicionalmente feito em mi bemol, o instrumento foi revitalizado por Antón Corral , que os fez em D. Uma flauta transversal com seis orifícios é chamada de requinta ; é semelhante ao pífano . Geralmente é em Sol, ou às vezes em um C. Os instrumentos de sopro tradicionais galegos incluem o pito pastoril (galego), apito de pastor literalmente (galego). Apesar da semelhança de nome, este instrumento pertence a uma família diferente da pitu montañés cantábrica, nomeadamente a das flautas fipple , que inclui também o apito de lata e o flauta doce . O instrumento teve um renascimento na segunda metade do século 20 e no início do século 21, encontrando um lugar nos conjuntos de música tradicional. Outros instrumentos de sopro incluem chifre , ocarina e clarinete e acordeão importados . Cantábria possui um rico repertório de dança para clarinete soprano , também conhecido como pitu ou requinto(não confundir com a requinta fife ).
Instrumentos de corda

Os instrumentos de cordas dedilhadas são comuns em toda a Espanha e Portugal, mas foram proibidos na música folclórica comercial galega ou asturiana até anos recentes. Guitarristas modernos como Xesús Pimentel costumam usar fortes influências do flamenco em seu som. O violino tem uma longa tradição na área, comum desde o início do século 20, quando violinistas cegos [ carece de fontes? ] Viajavam a feiras para tocar canções tradicionais e compostas por eles mesmos, além de peças de compositores como Sarasate . O hurdy gurdy ( zanfona ) tem sido tocado na área por muitos séculos, mas quase desapareceu em meados do século 20 antes de ser revivido porFaustino Santalices , Xosé Lois Rivas e afins. Embora o instrumento esteja agora mais estreitamente associado à música francesa , as primeiras gravações do hurdy gurdy foram feitas pelo galego Perfecto Feijoo em 1904. As harpas foram usadas na Idade Média, mas só foram revividas na década de 1970, quando Emilio Cao usou o instrumento para acompanhar suas composições. Os harpistas modernos foram incentivados pelo uso da harpa celta na Escócia, Irlanda e Bretanha, e incluem Quico Comesaña e Rodrigo Romaní .
Percussão

Os instrumentos de percussão incluem o tamboril , uma caixa que fica pendurada no cinto do músico e é tocada com duas baquetas. É pequeno, de pele natural e apresenta armadilhas feitas geralmente de tripas. Junto com o bombo , um bombo tocado com uma baqueta, o tamboril é normalmente encontrado como acompanhamento de gaita de foles. O pandeiro (asturiano: panderu ) é um tambor de dupla face, de moldura quadrada , semelhante ao adufe português e castelhano . Geralmente contém alguns grãos que chocalha dentro. Muitas vezes é tocado ao lado da pandeireta , um grande pandeiro, em pequenos grupos ou por uma única cantora. Um par de conchas de vieira ( cunchas ) são esfregadas e acompanham a dança. Tarrañolas (asturiano e espanhol: tejoletas ) são tiras de madeira seguradas entre os dedos. O Charrasco é composto por um mastro com moldura na parte superior adornada com guizos de pandeiro; é tocado esfregando uma corda ao longo do mastro com uma vara. Outros instrumentos de percussão são a canaveira e a carraca .
Gaita

O termo gaita pode referir-se a uma variedade de diferentes tubos, charamelas , gravadores , flautas e clarinetes em diferentes zonas de Espanha e Portugal, mas em Galacia ele refere-se a foles, com o saco insuflado com fole ou por um maçarico. Fora da Galiza e das Astúrias, a gaita de foles também é tradicionalmente tocada em outras partes de Espanha, incluindo Aragão , Catalunha , Leão , Maiorca , Zamora e em Portugal no Minho , Trás-os-Montes e Estremadura .

Registros mostram que a gaita já era comum no século 13, mas sofreu um declínio em popularidade nos séculos 17 e 18 até o renascimento do instrumento no século 19. O início do século 20 viu outro declínio. Então, começando por volta da década de 1970, um reavivamento das raízes anunciou outro renascimento. O renascimento do folk pode ter chegado ao auge no final dos anos 1990, com o lançamento dos aclamados álbuns do galego Carlos Núñez ( A Irmandade das Estrelas ) e das asturianas Hevia ( Tierra De Nadie ). Ambos os lançamentos quebraram recordes e Tierra De Nadie vendeu mais de um milhão de cópias.

o século XVIII, foi inaugurada nas Astúrias uma importante escola de ensino, criada por José Remis Vega . Músicos dessa época incluíam o lendário Ramón García Tuero , enquanto o século 20 produzia intérpretes como o filho de Vega, José Remis Ovalle e José Antonio García Suárez . O mais conhecido músico asturiano moderno é Hevia , cujo Tierra De Nadie de 1998 foi um marco que quebrou as vendas de discos e se tornou a queridinha da mídia musical espanhola. Outros artistas e bandas modernos incluem Tejedor e Xuacu Amieva .

O uso tradicional inclui apresentações solo ou com uma caixa conhecida como tamboril (um tambor de madeira de pele natural com armadilhas de tripa), e o bombo , um bombo . O Conselho de Ourense patrocina uma banda de gaita de foles, a Real Banda de Gaitas da Excma. Deputación de Ourense (Banda Real de Cachimbo do Conselho de Ourense). The Royal Pipe Band, fundada por José Lois Foxo , usa gaita de fole em Si bemol, gaita de fole com fole afinado em fá sustenido e uma seção de percussão de caixa, tenor, baixo, pandeiro e tarrañola. O seu repertório abrange tanto a música tradicional galega como também música de outros países celtas. É a fonte de alguma controvérsia na música galaciana, já que a gaita de foles empregada pela banda é considerada pelos críticos como sendo muito semelhante à gaita de fole das Terras Altas em vez das giatas tradicionais da Galácia. Os tambores são modernos e não seguem uma tradição galaciana, e a banda marcha em desfiles em estilo militar, o que também não é uma tradição na música gaita galega.

A gaita de foles galega apresenta três variedades principais, embora haja exceções e instrumentos únicos. Isso inclui o tumbal (Si bemol), grileira (D) e redonda (C). Foles asturianos são geralmente jogado juntamente com um tambor ( caixa de bateria ). A gaita de foles asturiana geralmente tem apenas um zumbido e segue um padrão de dedilhado diferente.

Descrição
O jogador infla a bolsa usando a boca através de um tubo equipado com uma válvula de retenção. O ar é conduzido para o chanter ( galego : punteiro ; asturiano : punteru ) com o braço esquerdo controlando a pressão dentro do saco. O cantador tem uma palheta dupla semelhante a um shawm ou oboé e um furo cônico com sete orifícios para os dedos na frente. O zumbido baixo ( ronco ou Roncon ) situa-se no ombro esquerdo do jogador e é lançado duas oitavas abaixo da nota fundamental do cantor; tem uma única palheta. Algumas gaitas de fole têm até mais dois drones, incluindo o ronquillo ou ronquilla, que sai do saco e toca uma oitava acima do ronco , ou o chillón menor . Esses dois drones extras são colocados pelo braço direito do jogador.
Os orifícios para os dedos incluem três para a mão esquerda e quatro para a direita, bem como um na parte de trás para o polegar esquerdo. A tônica do cantador é tocada com os seis orifícios superiores e o orifício do polegar coberto pelos dedos. Começando na parte inferior e (no padrão de dedilhado galego) a abertura progressiva dos orifícios cria a escala diatônica . Usando técnicas como dedo cruzado e meio-toque, a escala cromática pode ser criada. Com pressão extra na bolsa, a palheta pode ser tocada em uma segunda oitava, proporcionando assim um alcance de uma oitava e meia da tônica à nota superior. Também é possível fechar o orifício do tom com o dedo mínimo da mão direita, criando um semitom abaixo da tônica.

Canções
As melodias que usam gaita são geralmente canções, com a voz acompanhando a instrumentação ou se revezando com ela.
O tipo mais comum é a muiñeira , encontrada nas Astúrias e na Galiza, um ritmo vigoroso de 6/8. Outras músicas 6/8 galegas usam etapas diferentes; incluem a carballesa , ribeirana , redonda , chouteira e contrapaso .

A melodia asturiana alborada geralmente instrumental, mais frequentemente em 2/4, embora às vezes 3/4, e é caracterizada por uma série de frases de viragem descendentes. É usado para iniciar as celebrações de um dia e é tocado ao nascer do sol. O compositor russo Nikolai Rimsky-Korsakov incluiu três movimentos asturianos (dois Alboradas e um Fandango Asturiano ) em sua famosa obra orquestral Capriccio espagnol , op . 34, escrito em 1887.
A foliada é uma música alegre do tipo 3/4 jota, freqüentemente tocada nas romerías (reuniões da comunidade em um santuário local).

A forma mais antiga e conhecida de música galega é o alalá , uma forma de canto que tem sido associada ao nacionalismo galego. Eles compartilham características com os de Castela, bem como com as nações célticas. Sua origem é envolta em mistério, com alguns estudiosos afirmando os cantos gregorianos como a principal fonte, enquanto outros apontam fantasiosamente para canções de remo gregas ou fenícias chamadas alelohuías .

Alalás são arrítmico , e com base em um único tema, curta que se repete a melodia, separados por instrumentais gaitas de foles ou um cappella interlúdios. As melodias são baseadas em um zumbido contínuo e quase sempre são diatônicas. Com o tempo, os alalas se adaptaram para incluir a polifonia coral que acrescentou harmonia e ritmos (mais tipicamente em 2/4 ou 3/4 do tempo) à tradição. Uma característica distinta do alalas é que a primeira cadência também é a última. Eles terminam em uma coda ampliada que desaparece em um som sustentado e indefinido. Em contraste com o alalá tipicamente lento, também há canções rápidas chamadaspandeirada .

Conhecem-se também melodias de marcha (galego: ruadas , asturiano: pasucáis , espanhol: pasacalles ), bem como a variação local de jota .
Outras danças asturianos incluem Saltón , diana , respingu , pericote , fandango , pasodoble , marcha procesional , rebudixu , corri-corri , Baile de los pollos , Giraldilla e xiringüelu .

Gastronomia

A Galiza é uma referência universal da boa comida. A cozinha é há séculos como uma das grandes atrações da Galiza. Em todos os cantos da província, na costa ou nas montanhas, em uma cidade ribeirinha que é, os viajantes que vão encontrar uma mesa servida comida soberba. Esta merecida reputação se baseia em três pilares: a matéria-prima de excelente qualidade, uma culinária know-how, transmitida de geração em geração e uma gama muito extensa de pousada simples.

Embora financeiramente possa ser uma das regiões mais pobres da Espanha, é uma das mais ricas em gastronomia. De carne de bovino premiada a frutos do mar impressionantes, esta é a nossa lista definitiva de comida típica galega.

A Galiza é uma das regiões mais ricas da Espanha em termos de gastronomia. Se estiver planejando uma visita ao noroeste da Espanha, adicione esses pratos essenciais à sua lista para poder provar a comida típica galega enquanto estiver aqui.

1. POLVO PARA FEIRA (POLVO AO ESTILO DO MERCADO)
Embora o polvo possa parecer um pouco “lá fora”, é um verdadeiro prato galego que, quando bem feito, realmente derrete na boca. Este prato de polvo pecaminosamente simples é normalmente servido nos mercados da Galiza, mas também é encontrado em muitos bares de tapas. O polvo é fervido até a boca amolecer e os tentáculos são cortados em discos, regados com azeite e polvilhados com páprica defumada ou pimentas . Colocado em uma cama de batatas perfeitamente cozidas, este prato não se torna mais simples ou mais delicioso. Entre no Restaurante San Jaime ( Rua Raiña, 4) para experimentar esta comida típica galega.

Pulpo a feira, ou polvo ao estilo do mercado, é uma comida muito típica da Galiza. Não deixe de experimentar este derretimento na sua boca clássica! Se você come algo na Galiza, deve ser um polvo ao estilo do mercado.

2. MEXILHÕES AO VAPOR (MEXILHÕES AO VAPOR)
Os mexilhões são um dos principais produtos da Galiza. São tão especiais que têm até sua própria DOP (Denominação de Origem Protegida), que é um selo de qualidade de prestígio. Se chama Mexilhão galego – Procure o selo DOP vermelho e amarelo para verificar a autenticidade e a qualidade do produto. Os galegos adoram comer esses enormes mexilhões locais simplesmente cozidos no vapor com uma pitada de limão. Uma sugestão de Gallegos? Nunca complique os ingredientes grandes, apenas cozinhe e sirva o mais simples possível.

Uma deliciosa comida típica galega são os mexilhões regionais. Eles são deliciosos no vapor com um pouco de limão por cima! Experimente os mexilhões regionais da Galiza para provar o paraíso!

3. PADRÓN PEPPERS
Essas pimentas são divertidas de compartilhar com os amigos; alguns são picantes e outros são leves, mas é impossível dizer até que você os experimente. Os pimentões são fritos inteiros e polvilhados com sal-gema, simples mas deliciosos!

Junte-se a nós em um passeio gastronômico por Santiago de Compostela provar a deliciosa comida típica galega enquanto aprende tudo sobre a história e a cultura da região.

Ao procurar comida típica na Galiza, não se esqueça da pimenta Padron! Este favorito regional é delicioso frito e servido com sal. Você deve ter cuidado ao comê-los, pois a maioria é leve, mas às vezes você usa um muito picante As pimentas Padrón são a roleta russa de comida galega: a maioria é macia, mas às vezes você fica apimentado!

4. GUISADO GALEGO (GUISADO GALEGO)
Este ensopado tradicional é um aquecedor de inverno garantido, cheio de sabores saudáveis, como palitos de porco, chouriço, grão de bico, orelhas de porco, repolho e nabo. Ferva os ingredientes e sirva com um fio de azeite e páprica defumada, deliciosa!

5. QUEIXO DE TETILLA (QUEIJO TETILLA)
Um queijo em forma de cúpula, Queixo de Tetilla Recebe esse nome porque se assemelha a um pequeno peito. A textura cremosa e o sabor suave desta comida típica galega fazem dele um excelente acompanhamento para presunto, vinho e azeitonas. Pegue algo da sua viagem ao Mercado de Alimentos de Santiago na cidade velha (Rúa das Ameas) .

Uma boa comida típica da Galiza é o queijo mais famoso da região. Queijo tetilla! width = Queixo Tetilla É outro dos produtos protegidos da denominação de origem da Galiza. Veja o carimbo vermelho e amarelo no queijo à esquerda?

6. CALDO GALEGO (CALDO GALEGO)
Essa comida galega típica, a favorita entre os habitantes locais nos meses mais frios, é um caldo de carne de porco, batatas, feijão branco, chouriço e nabos, que geralmente é servido como entrada em um menu fixo de inverno, ou menu do dia .

7. EMPANADA GALLEGA (EMPANADA DE ESTILO GALEGO)
Diz-se que esta comida típica galega está intimamente relacionada com a samosa indiana que os comerciantes trouxeram da colônia portuguesa de Goa. As empanadas são recheadas com cebola e alho combinados com carne ou frutos do mar. Recheios populares incluem polvo, atum, berbigão, vieiras pequenas, bacalhau salgado e chouriço, entre muitos outros!

Uma empanada famosa comida da Galiza é a empanada. Eles podem vir cheios de muitas coisas, de frutos do mar ou carne, mas são todos deliciosos! A empanada galega perfeita: crocante e cheia de sabor!

8. BIFE COM OSSO
A carne galega é uma das melhores da Espanha. A raça especial de vacas que produzem essa carne suculenta é conhecida como Loira galega, ou loira galega. A melhor maneira de pedir esta carne deliciosa? Grelhado ou grelhado e pronto com um pouco de sal-gema.

9. LEITE FRITA
Como seria uma lista de comida galega típica sem duas sobremesas? Leite frito É um creme de leite batido e frito, depois polvilhado com açúcar e canela. Esta é uma maneira deliciosa de terminar uma refeição tradicional!

10. TARTA DE SANTIAGO (PASTEL DE SANTIAGO)
Talvez a sobremesa galega mais famosa, este bolo contenha amêndoas moídas, ovos, açúcar e às vezes um pouco de conhaque! Açúcar em pó com um contorno da famosa cruz de Santiago, o santo padroeiro de Santiago e Espanha, adorna o topo do bolo.
Tarta de Santiago é uma comida típica da Galiza. É um bolo feito com amêndoas moídas que apresenta um contorno da cruz de Santiago no revestimento de açúcar em pó Uma deliciosa fatia de torta de Santiago servida com um café com leite.

SOBRE O GALEGO e o PORTUGUÊS

'«A minha pátria é a minha língua.»
Viajo por muitas páginas e há algum tempo conheci várias galegas.
Ao descobrir esse novo mundo, também fiquei a interrogar-me sobre o destino que o galego neste momento leva.
É ainda um irmão lusófono ou não?
Pelas páginas galegas, de literatura, poesia, ou generalistas, na sua maior parte, achei que sim. Mas quando conheço a posição, por exemplo, da CPLP, ou a posição oficial da Comunidade Autónoma da Galiza, já acho que não.
Qual é a posição dos linguistas?
Obrigado.
Hugo Madeira Portugal 6K

a) Não, o Galego-Português não é um irmão lusófono. O Galego-Português foi uma língua comum aos povos de aquém e além-Minho, unidade orgânica e coerente (bem distinta do Castelhano) que floresceu literariamente com a poesia trovadoresca.

O delinear das fronteiras políticas, no século XII, e a progressiva deslocação da corte portuguesa para Sul favoreceram o afastamento e a cisão, donde resultaram duas línguas com destinos bem diversos: o Português, afirmando-se como língua de um Estado soberano; o Galego secundarizado e abafado, quando não reprimido, pelo poder centralizador de Castela.

Segundo Carolina Michaëlis de Vasconcelos o afastamento iniciou-se precocemente, e já no reinado de D. Dinis «...muitas formas e pronúncias galego-portuguesas seriam pouco usadas entre os cortesãos e desconsideradas pela geração nova como arcaísmos e galeguismos». (Cancioneiro da Ajuda, I, 1904, pág.19)

Falar em fraternidade lusófona com os galegos, neste momento, é pouco realista. É, de alguma forma, descartarmo-nos de culpas seculares: ignorámos os galegos, desprezámos a sua língua e a sua cultura. Galego era termo pejorativo, sinónimo de bronco, de burro de carga. E, de facto, emigrados e saudosos da sua terra, eles eram nossos criados, nossos carregadores, armados de cordas e de força pelas esquinas de Lisboa. Depois serviram-nos nos restaurantes.

Hoje, com a autonomia pátria, a progressiva imposição da Língua Galega dentro das fronteiras do Estado, e o próprio desenvolvimento económico da região, outro galo cantará...E então, talvez a aproximação de duas comunidades, linguística e culturalmente tão idênticas, se revitalize. Assim o espero.

b) Penso que a posição dos linguistas não anda longe do que aqui se disse.
Teresa Álvares 1 de janeiro de 1997 '

in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/galego-portugues/126 [consultado em 16-12-2023]