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A aula de hoje é sobre: Brasil, suas culturas e tradições

História

A história do Brasil começou com a ocupação dos seres humanos a cerca de 12-20 mil anos. No século XVI, os portugueses começaram a colonizar estas terras e transferiram africanos para serem mão de obra escrava nos engenhos que construíram aqui.

História do Brasil não possui um marco inicial bem definido. Não obstante, tradicionalmente, existe uma datação recorrente sobre a chegada dos portugueses com Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500, à região costeira de onde hoje é a Bahia. Seria esse então o “descobrimento do Brasil”. No entanto, cabe ressaltar que se trata da descoberta dos portugueses. Diversos grupos étnicos já habitavam o território que veio a ser o Brasil muito antes de qualquer europeu desembarcar nele.

O Brasil é o resultado histórico de diversos projetos distintos que se sucederam em uma delimitação geográfica específica. Primeiro tratava-se de um projeto de conquista; depois, um projeto de colonização; já no século XIX, um projeto de Império e de constituição de um Estado-nação; e, por fim, um projeto de Brasil República, que é o que se tenta manter até hoje.

Nossos hinos, bandeiras, brasões, emblemas, palavras de ordem, e tudo aquilo que nos remete à identidade nacional, dizem respeito a essa construção. Ser patriota é ser adepto de um projeto de nação, que muitas vezes diverge de outros projetos que também estão em construção. Portanto, seria mais preciso referirmo-nos ao processo da chegada dos portugueses como a invenção do Brasil, da qual se sucederam projetos diferentes.

Antes da chegada dos portugueses, havia diversos grupos étnicos ocupantes do território que, futuramente, seria chamado Brasil. O período Pré-Cabralino diz respeito, como o próprio nome sugere, à história que antecede o contato desses povos separados pelo Atlântico.

Durante algum tempo, era comum encontrar a denominação “Pré-História do Brasil”, que já não é considerada adequada por grande parte dos historiadores e antropólogos. A história não passa a existir após a chegada dos portugueses. E mesmo que exista o argumento de que essa expressão preserva a noção de que a história diz respeito às fontes escritas, desde meados do século XX até os dias de hoje, a historiografia desenvolveu-se bastante tendo em vista metodologias que analisem outros tipos de fontes.

Estima-se que os primeiros povos começaram a habitar o território onde hoje é o Brasil há 60.000 anos. Contudo, devido a esse enorme traçado temporal e à ausência de qualquer tentativa de preservação do seu início, muito foi perdido da integridade dessa história.

Nesse sentido, um dos indícios mais trabalhados pela arqueologia sobre o território brasileiro são os sambaquis, que consistem em depósitos de matéria orgânica e calcário formados pela ação humana e que, ao longo do tempo, sofreram um processo de fossilização. Eles oferecem informações importantes sobre as primeiras populações que habitaram nosso território por volta de 2.000 a 8.000 anos atrás.

Com a chegada dos jesuítas, em meados do século XVI, uma série de “obras gramaticais” foi produzida com o objetivo de normatizar algumas “línguas dificultosas” da colônia. Nesse empreendimento, foram catalogados conhecimentos valiosos sobre línguas indígenas do período que corresponde à chegada dos portugueses à América.

Assim se descobriu que existiam quatro grupos linguísticos principais, sendo eles: os tupi-guarani, os caraíba, os macro-jê e os arauaque. Desses troncos linguísticos, como também são chamados, derivam uma série de grupos étnicos e variações linguísticas que dão origem aos idiomas indígenas modernos.
Período Pré-Colonial (1500-1530)

Após 22 de abril de 1500, com a chegada dos portugueses ao território americano, essas novas terras desconhecidas não despertaram grande interesse na Coroa de imediato. O Império português estava, nesse momento, voltado para o comércio com as Índias, o qual, por sua vez, já estava em processo de declínio, desde a tomada da Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, dando fim ao Império bizantino.

Já os franceses não tardaram muito e, no início do século XVI, fizeram o envio de embarcações para o Atlântico Sul, pois estavam de olho nessas novas terras e questionavam a divisão luso-espanhola determinada pelo Tratado de Tordesilhas. Nisso estabeleceram, em 1555, uma colônia, na Baía de Guanabara, conhecida como França Antártica.

Portugal, nesse momento inicial, promovia as chamadas expedições exploradoras no território sul-americano com o objetivo de reconhecer e mapear o território e estabelecer contato com os índios nativos. O principal produto extraído dessas terras, até então, era uma árvore nativa da Mata Atlântica que passou a ser chamada de pau-brasil.

É interessante saber que o nome Brasil surge antes da própria terra brasileira. Desde o século XIV, mapas europeus atribuíam-no, com diversas variantes possíveis (Bracil, Brazille, Bersil, Braxili etc.), a uma ou mais ilhas, “expressando um horizonte geográfico ainda mítico”, segundo a historiadora Laura de Mello e Souza. Contudo, em 1º de maio de 1500, em carta, Pero Vaz de Caminha referia-se a essa terra por Vera Cruz. Posteriormente, outros nomes também foram utilizados, como Terra dos Papagaios e Santa Cruz.

No fim do Período Pré-Colonial, em 1530, quando Portugal envia expedições com o objetivo de estabelecer colonos e implementar uma administração colonial, o nome Estado do Brasil passa a ser oficial. Se quiser conhecer mais sobre esse período, leia: Período Pré-Colonial.
Período Colonial (1530-1815)

Em 1530, Portugal envia Martim Afonso de Souza como chefe de uma expedição colonizadora. Sua missão era combater os traficantes franceses, que preocupavam a Coroa, estabelecer alguns núcleos de povoamento na região litorânea e buscar metais preciosos. Para isso, foi Afonso de Souza designado capitão-mor, o que lhe acumulava a função de exercer a justiça civil e criminal, distribuir sesmarias, reivindicar terras em nome do rei e nomear funcionários para administração colonial.

Em 1532, o explorador recebeu a ordem, vinda de D. João III, de implementar o sistema de capitanias hereditárias. Nesse sistema, o território recém-descoberto foi dividido em 15 lotes, que formavam 14 capitanias, e eram nomeados capitães donatários os responsáveis pela administração de cada uma delas. O sistema é implementado em 1534 (nele, o próprio Martim Afonso de Souza torna-se donatário da capitania de São Vicente) e dura até 1548, quando surge o governo geral, com o objetivo de centralizar a administração colonial de todo o território.

É também na capitania de São Vicente que Martim Afonso de Souza estabelece, em meados do século XVI, o primeiro engenho de açúcar (que, até meados do século XVII, seria o principal produto de exportação da colônia), inaugurando, então, o ciclo do açúcar. O sistema de plantation era o modelo utilizado nesse tipo produção. Extensas faixas territoriais eram concedidas aos senhores de engenho, que, munidos com a fertilidade da terra, a mão de obra escrava e a monocultura da cana-de-açúcar, transformaram-se na principal elite econômica, social e política a partir de então.

Em um primeiro momento, os portugueses utilizaram a mão de obra escrava indígena. Entretanto, com a pressão do crescente tráfico negreiro, já em meados do século XVI, a escravização negra tornou-se a maior fonte de trabalho, tendo o Brasil recebido cerca de 4,9 milhões de escravos africanos até século XIX, quando houve a promulgação da Lei Eusébio de Queirós, em 1850.

O fim do ciclo do açúcar é marcado pela invasão e tentativa de colonização holandesa. Os holandeses conseguem estabelecer-se em 1637, e, até 1644, o conde Maurício de Nassau governa a região de Pernambuco, a qual também começa a produzir açúcar. No entanto, em 1645, com o apoio da Inglaterra, os portugueses voltam a combater os holandeses, no que ficou conhecido como insurreição pernambucana, até que, em 1654, conseguem restabelecer a cidade de Olinda como posse da Coroa portuguesa.

A partir de então, os holandeses instalam-se na América Central e passam competir com sua produção de açúcar, prejudicando diretamente o comércio exterior do Império português. Com isso, as entradas e bandeiras começam a voltar-se em busca de metais preciosos, até que, já no final do século XVII, na região da capitania de São Paulo, quantidades significativas são encontradas, dando início ao ciclo do ouro.

O Período Colonial também é marcado por uma série de conflitos e revoltas, como as rebeliões nativistas e as rebeliões separatistas. Sobretudo a partir do final do século XVII, os interesses de uma crescente elite local e de portugueses começaram a criar problemas para a administração colonial.
Além disso a Família Real portuguesa, sob ameaça de invasão francesa em Portugal, foge para o Brasil que, em 1815, é designado Reino de Portugal, Brasil e Algarves, sendo o Rio de Janeiro sede da administração do reino. Esse movimento deu fim ao Período Colonial.

Desde o final do século XVIII começou a ocorrer processos de independência das colônias inglesas, francesas, espanholas e portuguesas. Os conflitos entre o Partido Brasileiro, nome que se dava ao grupo político que defendia interesses locais, e os portugueses acentuavam-se cada vez mais, culminando, em 1822, no processo de independência do Brasil. Para conhecer mais detalhes desse período, acesse: Brasil Colônia.

Período Imperial
Período Imperial vai de 1822, com a independência do Brasil, até 1889, com a proclamação da República, e é dividido em três fases principais: o Primeiro Reinado (1822-1831), o Período Regencial (1831-1840) e o Segundo Reinado (1840-1889). Embora, desde 1815 que o Brasil tornara-se Reino de Portugal, Brasil e Algarves, como consequência direta da transferência Corte para o Rio de Janeiro.

Outras medidas importantes foram tomadas, tais como a abertura dos portos às nações amigas em 1808, a fundação do Banco do Brasil no mesmo ano, os tratados de 1810, a fundação da Real Biblioteca, a Missão Artística Francesa em 1816, entre outras coisas. Estima-se que entre 10 a 15 mil pessoas embarcaram rumo ao Brasil, entre 25 e 27 de novembro de 1807. Estruturas administrativas inteiras instalaram-se do outro lado do Atlântico.

A partir de então, o Brasil sofreu grandes transformações. Na política, por exemplo, houve um movimento emancipacionista, inspirado nos ideais iluministas, na capitania de Pernambuco. Conhecido como Revolução Pernambucana, ou Revolução dos Padres, tal motim foi fortemente reprimido pelo Reino.

Esses e outros conflitos estabelecidos nesse período, somados à Revolução Liberal do Porto e ao retorno da Corte para Portugal, foram decisivos para o processo de independência brasileira, que Portugal só reconheceu oficialmente em 1825, após receber uma indenização volumosa.
Primeiro Reinado

O principal ícone da independência brasileira foi Pedro de Alcântara (o quarto filho de D. João VI), que, após esse processo, torna-se o primeiro imperador do Brasil, assumindo a alcunha de Pedro I do Brasil. Diferentemente de seu pai, Pedro I admirava os ideais iluministas, defendia ideias liberais, como a abolição da escravidão, e liberdades individuais.

A construção de símbolos nacionais é parte fundamental de um Estado-nação. Assim foi com o Brasil após tornar-se independente.

Nesse contexto, surgem dois grupos políticos informais na disputa por espaços de poder: o Partido Português, que concentrava defensores do absolutismo, de um governo centralizado e forte, dos comerciantes portugueses e, muitas vezes, da restauração do Brasil enquanto colônia de Portugal; e o Partido Brasileiro, composto por comerciantes brasileiros, latifundiários e senhores de escravos, cujos principais objetivos eram na defesa e a ampliação de direitos e privilégios conquistados.

Em 1823, foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte, que deu origem à Constituição Política do Império do Brasil, de 1824. Embora, a princípio, o seu papel seria limitar os poderes do monarca, conforme os ideais iluministas, a Constituição de 1824 possuía forte caráter autoritário e centralizador, sobretudo por meio da instituição do poder moderador.

Ainda com resquícios da Revolução Pernambucana no ar, após a promulgação da Constituição de 1824 e seu caráter expressamente autoritário, os pernambucanos novamente revoltaram-se, e, em julho de 1824, deflagra-se a Confederação do Equador, de caráter separatista e republicano. Logo em seguida, o Império envolve-se na Guerra da Cisplatina, trazendo ainda mais impopularidade a D. Pedro I.

Em 1826, com a morte de João VI, pai do imperador, abre-se um problema de sucessão na monarquia lusitana. Diante disso e da incapacidade de acalmar os ânimos no Brasil, Pedro I abdica do trono e deixa seu filho, Pedro II, com apenas cinco anos, como seu sucessor. Contudo, a própria Constituição de 1824 determinava que o imperador deveria ter, pelo menos, 21 anos de idade para assumir o cargo. Foi preciso, assim, estabelecer um governo regencial, inaugurando uma nova fase do Período Imperial.

Período Regencial
O Período Regencial foi marcado por uma série de conflitos constantes com o governo central, criando sucessivos quadros de instabilidade política, agravada pela grave situação econômica. As forças políticas dividiam-se, basicamente, em duas vertentes: os liberais e os conservadores, estes com maior presença política.

Na tentativa de conter essas rebeliões, em 1834 foi promulgado um ato adicional que revisou pontos importantes da Constituição de 1824, proporcionando, entre outras coisas, maior autonomia das províncias. Contudo isso não foi suficiente. Dentre essas revoltas regenciais, destacaram-se: Revolta dos Malês (1835), Cabanagem (1835-1840), Sabinada (1837-1838), Balaiada (1838-1841) e Revolta dos Farrapos (1835-1845).

Em julho de 1840, sob iniciativa dos liberais, que pressionavam a Regência, foi dado o Golpe da Maioridade, nomeando D. Pedro II, com apenas 14 anos de idade, imperador do Brasil. Foi uma tentativa dos liberais de ocuparem mais espaço nas decisões políticas, além de viabilizarem uma forma de conter as agitações políticas que se alastravam por todo o território. Inicia-se, assim, o Segundo Reinado (1840-1889).

Segundo Reinado
Durante esse período, ocorreram transformações profundas. A economia do Império que, desde o ciclo do ouro, estava em sérias dificuldades, encontrou no aumento do consumo do café no exterior a possibilidade de aumentar suas exportações, diminuindo, assim, seu déficit comercial. Essa atitude deu início ao ciclo do café. Tal atividade, que já vinha ocorrendo antes mesmo da chegada da Corte portuguesa, portanto, acelerou-se.

O poder econômico passou a transferir-se do Nordeste para o Sudeste do país, onde se concentravam as plantações de café. Ao mesmo tempo, o próprio sistema de produção agrícola, a plantation, começa a sofrer fortes pressões, sobretudo dos ingleses, com a exigência do fim do comércio de escravos e, consequentemente, da abolição da escravidão.

No entanto, somente com a promulgação das leis abolicionistas, a partir de 1850 com a Lei Eusébio de Queirós, o combate à escravidão começou a ser colocado em prática no Brasil. Outro evento importante, tanto para a abolição quanto para a formação sociopolítica que deu origem ao movimento de derrubar a monarquia brasileira, foi a Guerra do Paraguai (1864-1870). Escravos foram enviados ao campo de batalha, muitos deles até obrigados, sob a promessa de alforria após o término do conflito.

Após a vitória brasileira, e seu alto nível de endividamento para financiar a guerra, D. Pedro II sai fragilizado politicamente, ao mesmo tempo que os militares passam a ocupar mais espaço dentro do debate político. São eles, inclusive, que encabeçam a proclamação da República, em 1889. Caso queira aprofundar-se mais nesse período da história do Brasil, leia: Brasil Império.

Período Republicano
A República Brasileira, período sob o qual o país ainda está em vigência, pode ser dividida da seguinte forma: Primeira República/República Velha (1889-1930), Governo Provisório (1930-1934), Constitucional de Vargas (1934-1937), Estado Novo (1937-1945), Quarta República (1945-1964), Ditadura Militar (1964-1985), e Nova República (1985-até os dias atuais).

É importante destacar que, mesmo diante do sistema republicano, o Brasil possui historicamente sérias dificuldades em manter-se sob o regime democrático. Durante esse período, foram promulgadas outras seis constituições, sendo duas delas (a de 1937 do Estado Novo e a de 1967 da Ditadura Militar) de caráter fortemente autoritário.

Primeira República
Logo no começo da República, durante a presidência de Prudente de Morais, primeiro civil eleito e por voto popular, deflagrou-se um dos maiores conflitos armados do período, cujas motivações ainda são incertas e imprecisas: a Guerra dos Canudos (1896-1897).
Esse período da Primeira República também foi marcado pela alternância do poder, entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, que ficou conhecida como política do café com leite. Esse tipo de política contribuía ainda mais para o isolamento dos outros Estados da federação e consolidava a hegemonia do Sudeste do país.

Cores da bandeira do Brasil
A bandeira do Brasil República indica as cores da bandeira do Império. O verde representa a dinastia dos Bragança, o amarelo, a dos Habsburgo.

Apenas em 1930, com o movimento civil militar liderado por Getúlio Vargas, após vitória de Washington Luís ao cargo do executivo nacional ser questionada pela Aliança Liberal, deu-se início então à Revolução de 1930. O Brasil, a partir de então, inicia uma nova fase da República.

Era Vargas
Durante a Era Vargas (1930-1945), houve um rearranjo das forças políticas, que se concentravam em setores médios dos centros urbanos. Esse, inclusive, foi o período de maior crescimento industrial da história do Brasil. Foi quando, também, criou-se a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), no dia 1º de maio de 1943, unificando e ampliando os direitos dos trabalhadores, entre outras coisas.

Contudo, é importante ressaltar que o Estado Novo foi uma ditadura que perseguiu lideranças políticas, sobretudo ligadas ao Partido Comunista do Brasil, além de ter feito aliança, em alguns momentos, com a Ação Integralista Brasileira, de inspiração fascista, com o Integralismo Lusitano e com a Doutrina Social da Igreja Católica.

Ao mesmo tempo, Vargas possuía forte capilaridade nos movimentos dos trabalhadores, conseguindo, inclusive, controlar de perto as atividades dos sindicatos. Por esses motivos, muitas vezes, Vargas é chamado de populista. Todavia, uma historiografia já consolidada no assunto identifica problemas desse tipo de atribuição, uma vez que trata a massa de eleitores que o apoiou não por ser facilmente manipulável em torno de um projeto de poder, mas porque parte considerável de suas demandas foi atendida pelo Executivo.

Aliás, Getúlio Vargas é uma personalidade com muitas nuances. Toda a era que leva o seu nome na história da República do Brasil divide-se em momentos muito distintos, estando em lados distintos do espectro político e atendendo demandas aparentemente contraditórias. Ainda hoje é a principal referência política e histórica para o trabalhismo brasileiro.

No entanto, a tradição do trabalhismo deixada por Vargas transformou-se em uma grande ameaça política, segundo os militares e forças da Unidade Democrática Nacional (UDN), que queriam sua renúncia. Na segunda metade da década de 1940, sucedem-se uma série de pressões buscando interferir na já fragilizada democracia recentemente instaurada após o fim do Estado Novo. Vargas foi eleito em 1950 pelo voto direto, assumiu a presidência em 1951 e, sob pressão dos militares, que já ameaçavam um golpe no país, suicidou na madrugada de 24 de agosto de 1954.

Apesar desse ato “retardar o golpe”, o clima de instabilidade política acirrou-se cada vez mais. Em 1961, quando o ex-ministro do trabalho de Vargas, João Goulart, na ocasião vice-presidente do Brasil, deveria assumir a presidência da República após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentaram impedi-lo.
Foi quando Leonel Brizola, naquela ocasião governador do Rio Grande do Sul, promoveu a campanha da legalidade, pegando em armas, inclusive, para garantir a posse do novo presidente. Apesar disso, em abril de 1964, é deflagrado o golpe militar no Brasil, com apoio dos Estados Unidos da América, instaurando uma ditadura que durou 21 anos.

Ditadura Militar
Durante a Ditadura Militar, uma série de conquistas obtidas com a Constituição de 1946, no breve período da Quarta República, foram suspendidas com as promulgações dos atos institucionais. Em 1968, o AI-5, considerado o golpe dentro do golpe, proibiu reuniões políticas, executou censura prévia em filmes, livros, peças de teatros e programas de televisão, suspendeu o habeas corpus, conferiu ao presidente o direito de fechar o Congresso Nacional, entre outras coisas. Tal documento institucionalizou a repressão no país.

Durante esse período, surgiram também importantes movimentos artísticos que se colocaram ao lado da resistência ao regime, como o cinema novo e o Tropicalismo, e que revolucionaram seus respectivos campos de atuação no Brasil, tendo reverberação até os dias atuais. A partir de 1974, inicia-se o processo de abertura política do regime, de forma lenta e gradual, com o objetivo de entregar aos civis o poder político.

Em 1985 o poder Executivo é, de fato, entregue pelos militares. Ainda de forma indireta, Tancredo Neves é eleito presidente do Brasil, porém, antes mesmo de assumir, faleceu vítima de uma infecção generalizada. José Sarney, o vice, assume, por fim, a presidência do Brasil em março de 1985, encerrando o período da Ditadura Militar.

Nova República
Assim se inicia o período da Nova República. Até hoje, esse é o período democrático mais longevo de nossa história, seu início foi marcado pelo combate à hiperinflação, além de uma dívida externa que, durante os governos militares, cresceu 30 vezes. Até hoje, sucederam-se oito presidentes, sendo o primeiro eleito Fernando Collor de Mello, em 1989.

Em 1988 foi promulgada também uma nova Constituição, que, pela ampla garantia de acessos aos serviços públicos, recebeu a alcunha de Constituição Cidadã. Apesar de ser o maior período democrático da história brasileira, a Nova República já passou por dois processos de impedimento (ou impeachment).

No regime presidencialista, como é o caso do Brasil desde que se tornou República, o processo de impeachment deve ser empenhado com muitas ressalvas, uma vez que a dinâmica do cargo de presidente confere-lhe mais poderes do que o cargo de primeiro-ministro, como é o caso do parlamentarismo. Caso contrário, a própria credibilidade do regime democrático é colocada em risco, destacando que se trata de um processo político-jurídico, o que minimiza o poder do voto.

Brasil República

A ação dos militares comandados por Deodoro da Fonseca em 15 de novembro de 1889 na capital do antigo Império deu origem ao período histórico também conhecido como Brasil República.

O fim da monarquia foi resultado tanto da crise deflagrada com a abolição da escravidão quanto pela insatisfação das elites agrárias com o modelo político que existia desde a Proclamação da Independência. A participação das Forças Armadas na vida política do país foi constante no período, sendo que nos momentos de crise política, os golpes militares foram tentados e alguns executados com êxito.

Nesse período, o país passou também a contar com a diversificação de sua economia, principalmente com o processo de industrialização intensificado a partir da década de 1930, levando o país a ser uma das maiores economias do planeta. Houve ainda a mudança da característica da sociedade, que passou do campo para as cidades. No início do século XXI, mais de 85% da população estava vivendo em área urbana.

Dessa mudança de local de moradia resultou também uma ampliação da produção cultural, em todos os campos, gerando produções originais, como o Movimento Antropofágico, a Bossa Nova e o Cinema Novo. O futebol tornou-se uma paixão nacional, e também um lucrativo negócio.

Cultura

Os principais elementos da cultura regional são: festa do divino, festejos da páscoa e dos santos padroeiros, congada, cavalhadas, bumba meu boi, carnaval, peão de boiadeiro, dança de velhos, batuque, samba de lenço, festa de Iemanjá, folia de reis, caiapó.

Cultura.

A cultura brasileira, por exemplo, é conhecida por sua grande mistura de povos, as grandes festas como o carnaval, a diversidade musical e até mesmo pelo bom futebol.

Mas é errado dizer que todos os brasileiros, assim como os cidadãos de outros países, possuem o mesmo comportamento ou reproduzem a mesma cultura pelo qual o seu país é conhecido.

Isso porque cada estado ou pequena região possui sua cultura tipicamente local, com diferentes comidas típicas, estilos musicais, comportamentos, dialetos, entre outros aspectos, que criam a identidade de um determinado grupo social.

A cultura é também um mecanismo cumulativo, porque as modificações trazidas por uma geração passam à geração seguinte.

Ela perde e incorpora outros aspectos, numa forma de melhorar a vivência das novas gerações e acrescentar novos elementos.

Sendo assim, a cultura está sempre em transformação, motivada, em grande parte dos casos, pela troca entre diferentes povos. Aliás, impossível falar de cultura sem falar de troca, aspecto que caracteriza as culturas ao redor do mundo.

A cultura popular é a base da cultura de qualquer povo e região. Uma característica importante deste tipo de cultura é que ela começa de baixo para cima, ou seja, são as classes populares quem determinam o que é essa cultura e como ela deve ser reproduzida.

Na cultura popular, seus elementos, como as danças, estilo musical, costume, entre outros, são transmitidos de geração para geração por um povo.
Por exemplo, nas festas, podemos identificar o Frevo, como pertencente ao estado de Pernambuco, e a Chula, do Rio Grande do Sul, criados, consequentemente, pelo povo.

Artesanato

Quando falamos sobre artesanato no Brasil, podemos afirmar que nossos primeiros artesãos foram os índios. Desde antes do descobrimento do Brasil, eles já usavam pigmentos naturais, cestaria, cerâmica, penas e plumas para criar seus ornamentos e vestuário. Cada grupo ou tribo indígena tem seu próprio artesanato.

O artesanato brasileiro é um dos mais ricos do mundo e garante o sustento de muitas famílias e comunidades. O artesanato faz parte do folclore e revela usos, costumes, tradições e características de cada região.

Os Primeiros artesãos e a colonização do Brasil
Os indígenas são os primeiros artesãos brasileiros, pois antes mesmo da chegada dos portugueses, no século XV, eles produziam manualmente diversos itens, como cestos, cerâmicas, tinturas, armas de arco e flecha, ornamentos de penas e plumas, além das vestimentas, máscaras, tinturas e a própria moradia. Como o montante populacional era vasto, por volta de 5 milhões segundo estimativa do antropólogo Mércio Pereira Gomes, as particularidades de cada tribo geraram intensas variedades nas peças, sobretudo pelo fato das matérias-primas serem provenientes da riquíssima flora brasileira, até então preservada de grandes intervenções humanas.


Artesanato de tribos indígenas: cestarias
O conhecimento de trançados e cestarias é preservado há séculos pelos indígenas, com destaque para as tribos do alto Amazonas e Solimões, influenciados pelos povos andinos.

Nos primeiros anos da colonização, a metrópole portuguesa enviou os chamados oficiais mecânicos, que incluíam caieiros, carpinteiros, ferreiros, telheiros, calafates e ferreiros, e também a Companhia de Jesus da Assistência de Portugal, cujos membros denominados jesuítas, eram responsáveis por ensinar as artes e ofícios. Seguindo as relações mercantis e produtivas da época, visava-se a expansão dos colégios pelo mundo e a conservação do espírito religioso entre os artífices. Inúmeras oficinais artesanais foram estabelecidas ao longo do território nacional de modo a promover as habilidades dos trabalhadores.
Em adição, conforme a arqueóloga Camilla Agostini, os africanos escravizados tiveram destaque no desenvolvimento dos ofícios no Brasil, mesmo com a negação de seus conhecimentos nas fazendas de engenho. Seus saberes eram transmitidos pela prática cotidiana e pela oralidade, de modo a preservar a história e os costumes de seus povos em um contexto de barbaridade extrema, além de integrarem rituais religiosos. Eles influenciaram a concepção da cerâmica neobrasileira nos objetos de ferro e pedra-sabão e em cachimbos cerâmicos decorados.


Ciclo do Ouro
No decorrer do século XVIII, a mineração promoveu alterações significativas na estrutura da colônia, incluindo um intenso crescimento populacional. Nesse período, foram recebidos muitos migrantes portugueses que eram mestres artesãos e contribuíram na modificação do teor estético e do fazer artesanal brasileiro. Simultaneamente, surgiu o barroco, estilo de grande qualificação técnica, elegante, rico em detalhes e marcado por obras de Aleijadinho e do Mestre Valentim da Fonseca e Silva. Os principais trabalhos realizados eram altares, entalhes em madeira, igrejas e esculturas em pedra-sabão.
O aumento da demanda no mercado consumidor da colônia expandiu a produção manufatureira, com destaque para o uso do algodão. A produção têxtil, antes restrita ao âmbito doméstico, ampliou sua abrangência e iniciou uma modesta autonomia em relação aos produtos de Portugal. Porém, essa configuração foi dissolvido com a Carta Régia de 30 de julho de 1766, assinada por D. José, que determinou a destruição das oficinas de ourives e considerou ilegal a profissão. Pretendia-se destinar a mão de obra à agricultura e à extração de ouro.


Artesanato barroco
A Basílica de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, contém obras do Barroco mineiro esculpidas por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Nos anos seguintes, o ofício continuou sendo perseguido, de modo que, em 1785, a Rainha Maria I, desautorizou inclusive a tecelagem caseira, permitindo apenas a confecção das vestimentas para os indivíduos escravizados. A proibição se deu por razões mercantilistas. Temia-se que a produção colonial sobrepusesse a importação dos itens europeus, o que divergia tanto dos interesses portugueses em manter vantagem na balança comercial quanto dos acordos comerciais firmados com outros países que restringiam o progresso da manufatura colonial.

Eu a rainha. […] hei por bem ordenar, que todas as fábricas, manufaturas, ou teares de galões, de tecidos, ou de bordados de ouro, e prata […]; excetuando tão somente aqueles dos ditos teares, e manufaturas, em que se tecem, ou manufaturam fazendas grossas de algodão, que servem para o uso, e vestuário dos negros […]; todas as mais sejam extintas, e abolidas em qualquer parte onde se acharem nos meus domínios do Brasil, debaixo da pena do perdimento, em tresdobro, do valor de cada uma das ditas manufatura (D. MARIA I, 1785. Tradução: Maíra Fontenele Santana).
Com a carta régia do Príncipe regente João VI, de 1808, as medidas anteriores foram revogadas e foi possível retomar a produção de todas as modalidades das atividades artesanais.

Eu o príncipe regente faço saber aos que o presente alvará virem: […] sou servido abolir, e revogar toda e qualquer proibição, que haja a este respeito no Estado do Brasil, e nos meus domínios ultramarinos, e ordenar, que daqui em diante seja o país que habitem, estabelecer todo o gênero de manufaturas, sem excetuar alguma (JOÃO VI, 1808. Tradução: Maíra Fontenele Santana).

Mesmo com a autorização da atividade e com o Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, que extinguiu o monopólio português, a Coroa ainda destinava grande parte dos investimentos à produção agrícola e ao tráfico negreiro, enquanto a estruturação do artesanato e da manufatura continuava lenta e restrita.

O fazer artesanal durante o Brasil imperial
Estabelecido o Império, a primeira Constituição brasileira, outorgada em 1824 por D. Pedro I, determinou o fim das corporações de ofício no Brasil em seu Art. 179: “ficam abolidas as Corporações de Officios, seus Juizes, Escrivães, e Mestres” (BRASIL, 1824). No entanto, a admiração do mestre artesão permaneceu na sociedade, bem como as relações com os aprendizes. Assim, a produção artesanal do país continuou restrita à esfera doméstica, sem grandes participações nas exportações e com o intuito de suprir as aspirações locais.

Ao longo dos anos, o artesanato figurou como um importante contribuinte para a economia do império: estima-se que manufatura, mineração, transporte e artesanato eram responsáveis por 7% da arrecadação total. Nesse período, foram pressupostas as primeiras ideias do que seria a Indústria brasileira, mas, na prática, as oficinas artesanais ainda eram dominantes mesmo com esses estabelecimentos apelidados de “manufaturas” ou “fábricas”. A transição permanecia lenta e havia forte presença de técnicas rudimentares. Confeccionava-se lã, rapé, seda, sabão e velas de sebo através de trabalhadores livres e escravizados.

As primeiras políticas públicas do artesanato
O artesanato foi desconsiderado tanto na Carta da República de 1891, quanto na Constituição de 1934. Porém, a Constituição de 1937, outorgada durante o regime autoritário do Estado Novo, propôs que “O trabalho manual tem direito à proteção e solitudes especiais do Estado”, esboçando os primeiros indícios de políticas públicas para o setor. As cartas subsequentes silenciaram-se com relação ao artesão.

O início do século XX marcou a concentração econômica no sudeste brasileiro, em especial no Rio de Janeiro e em São Paulo. As oficinas artesanais existentes contribuíam para o acúmulo de capital, principalmente aquelas administradas por estrangeiros imigrantes. Desse modo, os primeiros projetos a atenderem o artesanato voltaram-se para regiões Norte e o Nordeste do país, que não eram tão beneficiadas pela conjuntura econômica que surgiria com a transição das oficinas para as indústrias.

Assim, a atividade foi utilizada como instrumento de esperança para que populações afastadas do eixo Centro-Sul superassem os problemas socioeconômicos. Como as oportunidades de emprego eram reduzidas para mulheres e menores de idade, o artesanato ocuparia um papel de ocupação e fonte de renda. Na década de 1950, grupos e instituições disponibilizaram assistência técnica e financeira para que as manifestações culturais do país fossem estudadas, como o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos do Ministério da Educação e Cultura (INEP/MEC) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (Senai/CNI).

Durante o segundo governo de Vargas, em 1951, foi requerida a criação do Branco do Nordeste do Brasil (BNB), através do projeto de lei nº 1346/1951, de modo a estabelecer o artesanato como atividade econômica que gera emprego e renda. O plano foi concretizado com a lei nº 1649/1952, que propõe a concessão de empréstimos a fim de estimular a atividade. Iniciativas no Nordeste foram importantes para a consolidação do setor, tendo o estado da Bahia como precursor. O Instituto Feminino Visconde de Mauá, por exemplo, foi fundado em 1939 e tinha como foco colocar as mulheres em condições de agentes dos seus trabalhos.

Além disso, o movimento modernista brasileiro englobava a noção desenho industrial ao pregar um afastamento da produção artesanal, pois se pautava na universalidade, racionalidade e impessoalidade. A configuração política do Brasil era compatível com o movimento: durante o governo de Juscelino Kubitschek incentivou a industrialização e obras de infraestrutura. Todavia, o fracasso das exportações industriais do país, tanto pela ausência de pluralidade quanto pela ineficiência tecnológica, e as críticas ao modernismo levaram o desenho industrial a valorizar a cultura brasileira e inserir a população no processo de desenvolvimento.

Com o Golpe Militar de 1964, houve a exaltação do nacionalismo e, consequentemente, o artesanato ganhou destaque devido à sua capacidade de gerar símbolos que sustentassem o regime ditatorial e colaborassem com a política de afirmação da identidade brasileira, tendo ênfase na tecelagem. Além disso, presos políticos utilizaram-se da arte artesanal para ressignificar os presídios. As peças foram utilizadas não só como meio de obtenção de rendas para as famílias dos encarcerados, mas também como indícios históricos das lutas e angústias do período.

Quanto aos indígenas, a atividade artesanal permaneceu como importante ferramenta cultural e econômica para as comunidades, o que levou a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) a criar, em 1972, o Programa de Artesanato (Artíndia) para facilitar a comercialização da produção das diversas tribos ao redor do país. Logo depois, com a popularização da informática e a adoção da política neoliberal, voltada para a privatização do Estado brasileiro, o processo de exaltação da cultura nacional, arranjado pelos governos militares, ruiu-se.

Na década de 1990, foi criado o Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) pelo Decreto de 21 de março de 1991. Originalmente vinculado ao Ministério da Ação Social, o PAB permanece como o principal órgão do setor e tem o objetivo de coordenar e desenvolver atividades que visem a valorizar o artesão brasileiro, elevando o seu nível cultural, profissional, social e econômico, além de desenvolver e promover o artesanato e a empresa artesanal.

O artesanato no século XXI
Por mais que seja um ofício antigo, a profissão de artesão foi regulamentada apenas em 2015, através da lei nº 13.180. Foi estabelecido que as políticas públicas da atividade seriam pautadas na valorização da identidade e cultura nacionais, na qualificação permanente dos artesãos e na integração da atividade artesanal com outros setores. A formalização ainda previu a identificação de cada pessoa pela Carteira Nacional do Artesão.

Na segunda década do século XXI, a atividade artesanal estava presenciando um acentuado crescimento comercial, alcançando a cifra de dezenas de bilhões de reais anuais no faturamento, segundo o IBGE. Entretanto, no início de 2020, o mundo foi atingido por uma crise sanitária e socioeconômica desencadeada pelo novo coronavírus, denominado SARS-CoV-2. Com a pandemia, artesanato enfrentou queda de 56% nas receitas, conforme apontou estudo da Fundação Getúlio Vargas e do Sebrae. Os principais fatores foram a impossibilidade da realização de feiras, a concorrência desleal com as comunidades afastadas dos grandes centros urbanos e a falta de equipamentos tecnológicos e prática na operação de redes sociais.

Nesse sentido, em 2020, o Projeto Estruturação do Sistema de Gestão do Artesanato Brasileiro: Diagnóstico e Planejamento Estratégico nasce de uma idealização do Governo Federal via Programa do Artesanato Brasileiro – PAB, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, com o objetivo de apresentar um levantamento detalhado sobre os problemas e necessidades que atingem o setor, identificando possibilidades de aperfeiçoamento do PAB e das ações voltadas ao desenvolvimento do setor artesanal, melhorando os seus processos, resultados e gestão. Além de analisar os efeitos da pandemia de Covid-19, busca-se uma ampla atuação no território nacional, o que contribui para que muitos representantes do setor público e privado participem na sua consolidação.

Portanto, a trajetória do artesanato nas terras brasileiras foi moldada pelo projeto de mercantilização e ocupação do território adotado pela Coroa Portuguesa, e pelas trocas culturais entre os povos residentes, os migrantes e os escravizados. Durante os quase quatro séculos de domínio europeu, houve decisões controversas que estagnaram ou impediram o desenvolvimento dos ofícios no Brasil. Na República, a atividade enfrentou fases de abandono e instabilidades até atingir o reconhecimento como instrumento econômico e cultural, amparado por políticas públicas, e a profissão de artesão ser regulamentada.

Logo, é o momento de construirmos um cenário colaborativo que preserve e valorize essa atividade que resulta do fazer humano e consegue contar histórias através de produtos. O repertório cultural, a criatividade e as habilidades dos artesãos, associam-se à diversidade de matérias-primas e à multiplicidade de técnicas para compor obras que dão forma à identidade de cada grupo, comunidade e território existente no Brasil.

Autor: Ari Rodrigues
 

Danças

O que são danças folclóricas?
As danças folclóricas brasileiras são o conjunto de danças peculiares de cada região. Suas origens têm cunho religioso, por isso, trazem elementos que remetem à magia, lendas, homenagens, brincadeiras e histórias.

Uma de suas principais características é o uso de trajes típicos para apresentação em espaços públicos e cenários representativos. Na maioria das vezes, os dançarinos as executam em praças, largos, ruas e locais destinados, especialmente, para demonstração.

Samba de roda
Essa manifestação tem origens no Recôncavo Baiano do século XIX como preservação da cultura africana. Sua representação traz uma dança associada à capoeira e ao culto aos orixás e caboclos. Embora seja uma herança dos africanos escravizados, sofreu influência dos portugueses.
No samba de roda, os participantes dançam em uma roda, ao som de músicas, palmas e cantos. Também são muito usados instrumentos como viola, pandeiro, chocalho, berimbau e atabaque.

O samba de roda tem dois estilos, sendo eles o Samba Corrido e o Samba Chula. O samba de roda também é conhecido como “umbigada”. Por quê? Ao assistir a uma apresentação, note que cada vez que um participante sai da roda, outro entra e os dois dão uma “umbigada”.

Frevo
Quem não conhece a figura do dançarino vestido com roupas coloridas pulando e bailando com um guarda-chuva multicor?
O frevo é uma dança típica do Carnaval pernambucano. Ela surgiu no século XIX e é caracterizada pelo ritmo e coreografia individual.
O próprio nome, originado pelo verbo “ferver”, já dá os sinais do quanto esta dança é frenética. Os passistas, como os dançarinos são conhecidos, agitam os guarda-chuvas ao som da fanfarra composta por instrumentos de sopro.

Além da festa de cores e dos passistas, outra característica marcante do frevo é a ausência de letras. Suas marchinhas, ao contrário das tradicionais marchinhas de Carnaval, são tocadas pela banda que segue os blocos enquanto os dançarinos se divertem.

Catira
A catira, também conhecida como cateretê, é caracterizada pela ação ritmada de passos, palmas e batidas de pé. Apesar de conter influências indígenas, africanas, espanholas e portuguesas, seus elementos principais têm relação estreita com a cultura caipira.
Típica do interior dos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, seus dançarinos dançam ao som do canto e das violas. Normalmente, os participantes se dispõem em duas fileiras, com mulheres e homens separados entre elas.

Chula
A dança tem origem portuguesa e é típica do Rio Grande do Sul. Sua característica é a disputa e o desafio. Nela, é preciso depositar uma vara no chão e, em cada extremidade, fica um participante. Um executa a coreografia e o outro deve repetir.
Ciranda

Dança típica de Pernambuco, tem origem na época em que as mulheres de pescadores esperavam seus maridos dançando e entoando cantos. Os dançarinos se dispõem em rodas nas quais os integrantes dançam acompanhados por diversos instrumentos.
O ritmo é mais lento em passos simples e marcados. Os “tocadores” usam tarol, zabumba, maracá e ganzá.

Baião
As origens dessa dança típica nordestina estão nas tradições indígenas e caipira. Inicialmente, veio sob o nome de uma festa de melodias e danças acompanhadas por violas. Seu patrono foi Luiz Gonzaga, compositor brasileiro de grande importância.
No baião, os bailarinos dançam em pares em movimentos similares ao forró, com o intuito de tematizar situações cotidianas e as dificuldades enfrentadas pelo povo nordestino. Os instrumentos usados são viola, triângulo, flauta doce e acordeom.

Jongo
Mais uma forte herança de origem africana, o jongo também é conhecido como “caxambu”. A dança de origem rural é considerada uma variante do samba e é acompanhada por instrumentos de percussão.

Carimbó
Essa dança tem origem indígena, especialmente, da nação tupinambá, com influências portuguesas e africanas. Nela, é utilizado o carimbó, nome dado à representação e ao tambor característico.
Os dançarinos de dispõem em pares posicionados em fileiras voltadas para o centro da roda. O ritmo é marcado por palmas e pés enquanto homens convidam mulheres para dançar. Os pares se formam e giram em torno de si.

Bumba meu boi
Bumba meu boi, ou boi-bumbá, é uma dança folclórica típica do Norte e Nordeste nascida no século XVII. Sua origem diversificada faz com que apresente traços africanos, portugueses, espanhóis e indígenas. Um dos mais fortes é a representação teatral.
Nela, uma história de vida, morte e ressurreição é retratada enquanto os dançarinos executam suas performances. Vários personagens fazem parte do ato, como um homem vestido de boi. Ah, e sabe como o boi é ressuscitado? Com um puxão em seu rabo!

Maculelê
Essa dança tem influências indígenas e africanas, simulando uma luta tribal na qual os praticantes usam dois bastões como arma. Os bastões são chamados de esgrima ou grima. Os dançarinos são acompanhados por canto e percussão.

Maracatu
O termo africano significa dança ou batuque, dando as principais características dessa dança típica nordestina, especialmente, de Pernambuco. Esta representação traz fortes traços religiosos, misturando elementos europeus, indígenas e afro-brasileiros.
O maracatu é a saída dos praticantes das religiões de matriz africana para saudar os orixás. Normalmente, ocorre durante o Carnaval quando os dançarinos saem fantasiados de personagens históricos, como princesas, rainhas, reis e baianas.
A dança é composta por pulos e giros ao som de instrumentos de percussão, ou seja, caixas, tambores, ganzás e taróis. O ritmo frenético lembra bastante a congada, outra manifestação cultural brasileira.

Quadrilha
Quem nunca dançou uma quadrilha na vida? Especialmente praticada no mês de junho, essa dança foi popularizada a partir do século XIX, graças à influência da Corte Portuguesa. O Nordeste brasileiro é um de seus maiores representantes.
Na quadrilha, os participantes dançam em dupla, caracterizados com vestimentas caipiras. Juntos, os dançarinos fazem movimentos e encenações conduzidos por um animador que vai marcando os momentos da apresentação. “Olha a cobra! É mentiiira!”
Músicas muito conhecidas embalam a quadrilha, como Pula Fogueira, Capelinha de Melão e Cai Cai Balão.

Dança Xaxado
O nome vem do som produzido pelas sandálias dos cangaceiros nordestinos ao se arrastarem durante alguma comemoração. A dança era muito praticada por Lampião e seu bando, trazendo letras satíricas e tempo marcado.
Quando Maria Bonita entrou para o bando, fez com que a presença feminina no xaxado se solidificasse. Os instrumentos usados nesta dança são zabumba, pífano, sanfona e triângulo.

Samba
O samba é uma dança e um gênero musical brasileiro considerado um dos elementos mais representativos da cultura popular do Brasil.
Este ritmo é fruto da miscigenação entre a música africana e europeia nos campos e na cidade.
Devido a sua grande presença em todo território nacional, o samba assume formas diferenciadas em cada região, mas sempre mantendo a alegria e sua cadência envolvente.

Origem do Samba
O samba foi criado no Brasil e sua origem são os batuques trazidos pelos negros escravizados, misturados aos ritmos europeus, como a polca, a valsa, a mazurca, o minueto, entre outros.
Inicialmente, as festas de danças dos negros escravos na Bahia eram chamadas de "samba". Os estudiosos apontam o Recôncavo Baiano como o berço do samba, especialmente o costume de dançar, cantar e tocar instrumentos em roda.
História do samba
Após a abolição da escravidão, em 1888, e da instituição da República, em 1889, muitos negros se dirigiram à então capital da República, o Rio de Janeiro, em busca de trabalho.
Porém, qualquer manifestação cultural africana era vista com desconfiança e criminalizada, como a capoeira e o candomblé. Com o samba não foi diferente.
Assim, os negros começam a fazer suas festas nas casas das "tias" ou "vovós", verdadeiras matriarcas afro-descendentes que acolhiam os batuques. No Rio de Janeiro, o mais célebre desses lugares era a casa de Tia Ciata, mãe de santo carioca.
Da mesma forma, compositores de origem erudita como Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth, utilizam os ritmos africanos em suas composições. Ainda não era o samba tal como conhecemos hoje e, por isso, o chamavam de choro, valsa-choro e até mesmo tango. Outro que seguiria o mesmo caminho seria o compositor Heitor Villa-Lobos.
Em 1917 foi gravado no Brasil aquele que é considerado o primeiro samba com o título "Pelo Telefone", com letra de Mauro de Almeida e Donga.
O samba foi entrando nos salões da elite e pouco a pouco foi se associando ao Carnaval, que até aquele momento, tinha as marchinhas como trilha sonora.
O advento do rádio e o talento de intérpretes como Carmem Miranda, Aracy de Almeida e Francisco Alves, fizeram o samba cada vez mais popular em todo Brasil.
O poeta e compositor Vinícius de Moraes resumiu a gênese do samba em seus versos magistrais de "Samba da bênção" (com música de Baden Powell, 1967):
Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração


Origem da palavra samba
Há controvérsias sobre a origem da palavra "samba", mas provavelmente advém do termo africano "semba" que significa "umbigada".
Cumpre dizer que "umbigada" era uma dança executada pelos negros escravizados durante seus momentos de folga.

Carnaval

O Carnaval é uma festa popular que acontece, todo ano, em data móvel e é conhecida como a principal festividade do Brasil. O Carnaval surgiu na Europa, antecedendo a Quaresma, e espalhou-se por diversas partes do mundo. Essa festa foi trazida aqui pelos portugueses durante o período da colonização.

Historiadores afirmam que o Carnaval começou a ser comemorado na Idade Média, mas possui relação com algumas festividades de povos da Antiguidade. No Brasil, uma das grandes marcas do Carnaval são os blocos de rua, que acontecem em todo o país, e os desfiles das escolas de samba, muito presentes em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Quando apareceu o Carnaval?
O Carnaval surgiu na Europa na Idade Média e era uma das festas populares mais importantes desse período.
Historiadores afirmam que o Carnaval surgiu na Idade Média e era entendido como um momento de liberdade que antecedia todas as privações impostas durante a Quaresma. Apesar disso, muitos desses especialistas pontuam que ele herdou uma série de características oriundas de festas de povos antigos, tais como os mesopotâmicos, os romanos e até mesmo povos de origem germânica.

Algumas dessas festas valorizavam a inversão da ordem das coisas, assim, as pessoas fantasiavam-se de personagens diversos, tais como sacerdotes. O rei servia às pessoas, e súditos colocavam-se no papel de rei, além de fartarem-se de alimentos e bebidas, como as alcoólicas. Assim, as privações de uma vida deixavam de existir no Carnaval.

Muitas dessas festas podiam acontecer em diferentes momentos do ano, mas, com o surgimento do cristianismo, os membros da Igreja procuraram enquadrar todas elas em um período do ano. Assim, o Carnaval surgiu como um esforço da Igreja de controlar e concentrar os impulsos festivos da população em uma época do ano.

Na Idade Média, as festas podiam estender-se do Natal até o início da Quaresma, o período de 40 dias formado por jejum e orações. Portanto, o Carnaval era a época quando as pessoas liberavam todas as suas vontades pelas festas, comidas e bebidas, antes de iniciarem o período de privação imposto pela Igreja Católica.

Durante o Carnaval medieval, era comum a realização de apresentações teatrais na rua, desfiles com carros alegóricos, festas com máscaras. As brincadeiras também aconteciam, e muitas eram atos de zombaria pública, em que uma pessoa era publicamente humilhada perante sua comunidade.

Carnaval no Brasil
O Carnaval é a festa mais tradicional do Brasil e atrai milhões de pessoas para celebrá-lo nas ruas todos os anos.

Atualmente, o Carnaval é a festa mais popular do Brasil e é comemorado em data móvel, que é influenciada pela data que determina a Páscoa. A Terça-feira de Carnaval é comemorada exatamente 47 dias antes do Domingo de Páscoa.

Para percebermos a dimensão do Carnaval em nosso país, podemos usar o exemplo de algumas cidades. No Rio de Janeiro, em 2019, o Carnaval levou cerca de 7 milhões de pessoas às ruas e mobilizou uma receita de 3,7 bilhões de reais|1|. Já em São Paulo, a quantidade de pessoas nas ruas foi de cerca de 5 milhões no mesmo ano.

O Carnaval consolidou-se como a principal festa popular do Brasil na década de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas. As principais festas de Carnaval do Brasil ocorrem nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Os blocos de rua e os desfiles das escolas de samba são seus principais meios de realização.

Carnaval no Sudeste
O samba consolidou-se como um dos grandes ritmos do Carnaval (e da música brasileira) durante a década de 1930, e, no Carnaval de São Paulo e Rio de Janeiro, é um elemento fundamental. Os desfiles das escolas de samba são aspectos culturais importantes das duas cidades e são conhecidos em todo o mundo.

No caso do Rio de Janeiro, os desfiles das escolas de samba acontecem no Sambódromo, construído em 1984. Os desfiles, tanto em São Paulo quanto no Rio, fazem parte de uma competição que possuí inúmeros itens de avaliação.

O desfile das escolas de samba é caracterizado por gigantescos carros alegóricos, enredos de samba inéditos e uma produção de máscaras e fantasias impressionante. Os enredos de samba costumam ressaltar, por exemplo, valores da cultura africana e indígena, e podem também fazer críticas políticas, como foi o caso da escola Paraíso da Tuiuti, em 2018.

Carnaval no Nordeste
O Galo da Madrugada é um dos blocos de rua de Recife e é conhecido como o maior bloco de Carnaval do mundo.
As celebrações carnavalescas do Nordeste, sobretudo as de Recife e Salvador, são bastante populares do país. Em Salvador, milhões de pessoas vão às ruas para celebrar o Carnaval, principalmente, pelo som de axé. Blocos de rua são compostos por trios elétricos, acompanhados por milhares de pessoas.
Em Recife, por sua vez, o som que rege o Carnaval é o frevo. A capital pernambucana também é conhecida por realizar o maior bloco de Carnaval do mundo: o Galo da Madrugada, que se estende por mais de nove horas de festa. Em 2019, o Galo da Madrugada atraiu mais de dois milhões de pessoas.

História do Carnaval no Brasil
O Carnaval chegou ao Brasil, entre os séculos XVI e XVII, pelos portugueses. Uma das principais práticas do Carnaval português reproduzidas no Brasil foi uma brincadeira conhecida como entrudo. O entrudo foi proibido pelo seu caráter agressivo, no século XIX, mas foi realizado até o século XX.

O entrudo era uma brincadeira popular em que as pessoas, sobretudo as mais humildes, saíam às ruas para sujar umas às outras. Para isso, utilizava-se diversos itens para molhar ou sujar alguém: água perfumada, água suja, lama etc. O entrudo também podia ser executado por outro tipo de troça.

Havia uma distinção dessa brincadeira entre o povo e a elite, pois a massa popular realizava-a nas ruas do Rio de Janeiro, e membros da elite local, no interior de suas famílias. As ações do governo contra essa prática contribuíram para que ela desaparecesse no século XX. Com o tempo, diversos outros elementos foram sendo adicionados ao Carnaval brasileiro, fazendo com que cada região do país tenha uma peculiaridade nessa celebração.
 

Música

A música do Brasil se formou a partir da mistura de elementos europeus, africanos e indígenas, trazidos pelos colonizadores portugueses, que se espantaram com a maneira de vestir dos nativos e a maneira como faziam música.

A música brasileira mistura elementos de várias culturas, principalmente as culturas chamadas formadoras, que eram a dos colonizadores portugueses, dos nativos e dos escravos. Os primeiros professores de música no Brasil foram os padres jesuítas, responsáveis pela catequese dos indígenas, a partir de 1549.

No sul do brasil os Jesuítas construíram as Missões, que era um projeto que além de levar cultura aos índios, também os ensinavam a religião católica.

Ao longo do tempo a ligação com outras culturas de outros países além da metrópole portuguesa, trouxeram vários elementos musicais, que se tornariam impotantes, como as óperas italiana e francesa, e as danças típicas.

Até o século 18 a maior parte da música erudita era praticada apenas na Bahia e Pernambuco, mas no final do século, essa grande fusão de diversos elementos metódicos e ritmos africanos que deram ínicio a música popular.

A partir do século 17, formaram as irmandades de músicos, algumas algumas integradas somente por negros e mulatos, e passaram a monopolizar a escrita e execução da música em boa parte do Brasil.

Origens
Os primeiros exemplos de música popular no Brasil datam do século 17, como o lundu, uma dança africana que chegou ao Brasil diretamente com os escravos vindos da Angola.

Mais tarde o lundu, que no início não era cantado, evoluiu assumindo um caráter de canção urbana e se tornando popular como dança de salão.

A Modinha
A modinha é uma canção de caráter sentimental de feição bastante simplificada, muitas vezes de estrutura estrófica e acompanhada apenas de uma viola ou guitarra, e sendo de apelo direto ás pessoas comuns.

O Choro
Surgiu em torno de 1880 e logo adquiriu uma feição própria, onde o improviso tinha um papel principal, e estabilizando-se na formação para uma flauta, um cavaquinho e eum violão, e mais tarde ampliando seu instrumental.

O Samba
Surgiu em 1838, com influência da modinha, do maxixe e do lundu. Em meados do séc. 20, a palavra samba definia diferentes tipos de música introduzidos pelos escravos africanos, e sempre conduzidos por diversos tipos de batuques, mas que assumiam características próprias em cada estado brasileiro.

Em 1917 o samba saiu das rodas de improvisações dos morros cariocas, e foi considerado representante da música popular. Com o passar dos anos, surgiram outras vertentes do samba urbano carioca, que ganharam denominações próprias como a bossa nova, o samba-rock, pagode e outros.

Além de ser um dos gêneros musicais mais populares do Brasil, o samba é bastante conhecido no exterior a partir da música “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, depois se estendeu através de Carmen Miranda, que levou o samba para os EUA, e consagrou também a Bossa Nova.

A Bossa Nova foi um movimento urbano, originado no fim dos anos 50 em saraus de universitários e músicos da classe média. No início era apenas uma forma diferente de cantar samba, mais logo incorporou elementos do jazz e desenvolveu um contorno intimista, leve e coloquial, com base na voz solo e no piano, ou violão.

Depois da bossa nova, na década de 60, o samba ganhou novas experimentações com outros gêneros, como rock e o funk, e experimentados por vários artistas, onde foram introduzidos novos estilos de composição e interpretação, como o surgimento da Música Popular Brasileira.

Depois do samba, e com a crescente abertura do Brasil á cultura globalizada dos anos 90, diversos gêneros e subgêneros musicais surgiram em todo o Brasil, como pagode, axé, sertanejo, lambada, e outros.

Dentro da classe de músicas tradicionais podem ser incluídas as praticadas pelos remanescentes das tribos de índios que no ano passado povoavam todo o território nacional e hoje vivem confinados em reservas, especialmente na região amazônica e centro-oeste, onde o contato com o colonizador foi menos profundo e transformador
 

Gastronomia

A gastronomia brasileira é ampla, rica e variada. Ela tem suas origens atreladas à miscigenação do nosso povo. E por isso, encontramos iguarias produzidas a partir de receitas portuguesas, africanas, italianas e muitas outras.

O Brasil possui uma vasta e diversificada riqueza cultural. A gastronomia faz parte dessa diversidade. Vem com agente, vamos falar um pouquinho sobre a história da gastronomia no Brasil.

Nós brasileiros somos frutos de uma intensa miscigenação de povos e culturas, o que fez com que nosso país seja o berço de muitas criações e movimentos culturais.

Por isso, o que não faltam são opções em nossa gastronomia, que abrangem desde pratos com frutos do mar requintados, até pratos com carnes, vegetais, doces e bebidas.

Nosso cardápio diversificado é em decorrência das diversas interações de diferentes povos que por aqui passaram.
No Brasil, imigrantes europeus, orientais, escravos africanos e nativos indígenas trocaram e fundiram técnicas gastronômicas e receitas, dando origem ao a culinária brasileira, que pode ser considerada uma das mais diversificadas do mundo.

Entenda um pouco melhor abaixo sobre a história da gastronomia no Brasil e como o resultado de diferentes povos hoje reflete em nosso prato de comida.

A influência europeia na gastronomia brasileira
A gastronomia brasileira já podia ser considerada muito peculiar antes mesmo da chegada dos europeus em nosso continente.
Entretanto, no século XVI, foi quando chegaram os primeiros europeus, e pode se considerar aí o primeiro e grande choque de cultura gastronomia em nosso território.

Os portugueses que chegaram estavam acostumados com comidas que durava toda a longa travessia do Atlântico.

Assim, eles apresentaram aos índios nativos comidas como toucinho, carnes secas, cerveja e peixes salgados.

Alimentos como a batata, tomates, molhos e a farinha de trigo vieram anos depois, durante o período de colonização portuguesa.

Porém se tornaram ainda mais populares e presentes em nossa culinária na virada do século XX, com a chegada dos imigrantes italianos.

Mas, não foram apenas os europeus que trouxeram contribuições para a nossa gastronomia, pois, em troca dessas iguarias, os europeus conheceram os alimentos como a mandioca, o milho, verduras, diversos tipos de peixes, legumes e frutas que eram cultivados pelos indígenas.

A influência da África na gastronomia brasileira
Apesar de ser uma era de muita vergonha e sofrimento para o nosso país, já que o Brasil teve escravidão por 400 anos, o período escravocrata também foi muito importante para a formação da cultura e do povo.

Coisas famosas e comuns atualmente como o samba, a capoeira e o candomblé são alguns dos exemplos e da herança africana em nossa cultura.
Na nossa gastronomia, essa influência é notada em pratos como a famosa feijoada e o bobó.

Além disso, houve também o conhecimento de especiarias como o óleo de dendê. Esses pratos são tão famosos em nossa gastronomia que já podem ser considerados patrimônio cultural do Brasil.

A influência dos bandeirantes na gastronomia brasileira
Os bandeirantes, movimentos de entrada e desbravamento do interior brasileiro.

Foi liderado por aventureiros portugueses de reputação “duvidosa”, se embrenharam em meio ao coração do país e deixaram um rastro de influências por onde passavam, como o feijão tropeiro.

Além disso, como precisavam de alimentos de fácil consumo, eles se apropriaram de produtos nativos, como a farinha de mandioca, o cuscuz e frutas.
Quando chegaram a Minas Gerais e descobriram a quantidade absurda de ouro escondidas naquelas terras.

O governo português quis logo transformar esta região num centro econômico do Brasil no período.

Essa grande movimentação teve como consequência, um aumento significativo no fluxo migratório, que resultou na criação de novos centros urbanos.
Nestes centros, o que não faltavam era uma grande diversidade de sabores e aromas.

Assim, da cozinha mineira, podemos destacar a produção de queijos e doces, que pegaram emprestados técnicas trazidas da Europa.
Com isso, os brasileiros aprenderam a talhar, coalhar e curar o leite, o que criou muitas possibilidades para a criação de laticínios, que se tornaram e são até hoje uma marca do estado.

O surgimento de uma gastronomia única
A identidade da gastronomia brasileira tomou forma própria quando portugueses, indígenas, africanos e mestiços passaram a formar comunidades urbanas próximas aos locais de extração do ouro e tendo que usar os ingredientes daquela região na culinária.

A vinda da Família Real Portuguesa ao Brasil trouxe consigo uma comitiva com mais de 15 mil nobres portugueses, o mercado de importação começou a ferver em nosso país.

Foi neste período que deu início a uma onda de importações de ingredientes até então desconhecidos em nossa terra como molhos, enfeites e acabamentos de pratos.

Também, houve um aumento do consumo de sobremesas, vinho, pão, saladas e frituras feitas no azeite.
Por isso, por mais de três séculos nossa culinária desenvolveu e focou em características que eram predominantes na culinária portuguesa, com algumas influências indígenas e africanas.

A partir do século XIX com a expansão do comércio internacional, passou-se a importar agora em grande escala conservas, vinhos, cervejas, chás, queijos, novas frutas, chocolates, licores.

Assim, a cozinha francesa e inglesa passou a influenciar nossa gastronomia, surgindo, inclusive, neste período, confeitarias e sorveterias, além dos famosos restaurantes italianos e franceses.

O ciclo do café e sua influência
O cultivo em massa do café no Brasil trouxe muitos imigrantes, franceses, ingleses, espanhóis, alemães, suíços e, principalmente italianos.

O café se tornou um dos principais produtos de exportação brasileiro durante muito tempo e por isso, se tornou um hábito permanente de consumo.
Mas, apesar do grande número de imigrantes que o cultivo de café trouxe ao nosso país, foram os imigrantes italianos que tiveram maior influência em nossa culinária, trazendo ao nosso dia a dia massas de todos os tipos, molhos, pizzas, etc.

A facilidade que nós brasileiros tínhamos de misturar pratos incorporou ao tradicional arroz e feijão uma pequena porção de macarrão.
Algo que era impensável na Itália, já que o macarrão era considerado um prato autônomo.

Já os alemães, trouxeram a sua tradicional cerveja, que, se mantém uma preferência nacional até os dias atuais.

Nas últimas décadas com a influência cultural norte-americana forte e presente no todo mundo, o consumo de lanches, principalmente o cachorro quente e o hambúrguer se tornou muito popular e natural no Brasil.

Outras contribuições a nossa gastronomia
Falar da gastronomia brasileira é algo que rende muito assunto e receitas deliciosas.

Sem dúvida, não podemos negar a influência de outros países como base fundamental na formação do que nossa culinária é hoje.

Entretanto, a gastronomia brasileira se renova diariamente, recentemente houve uma onda de influência da culinária árabe, e oriental, que estão fortemente incorporadas aos costumes e gosto dos brasileiros.

Dos árabes, temos a paixão por kibes e esfihas, dos orientais, temos o sushi, que, sem dúvida, é o prato oriental mais apreciado em nosso país.
Assim, nossa gastronomia é como nossa cultura, miscigenada, uma mistura de gostos e sabores do mundo todo, que formam algo único, assim como nós.

 

Esportes

O tênis, natação e handebol possuem muitos seguidores. O futebol de praia, footsack, futetênis, futevôlei, peteca, acquaride, frescobol e o biribol são esportes brasileiros. Nas artes marciais, os brasileiros desenvolveram a capoeira, o jiu-jitsu brasileiro e o vale-tudo.Mas a grande paixão ainda é o futebol.

Mas vamos á história:

No Brasil, a história do esporte também deve muito aos ingleses, que praticavam o primeiro esporte registrado em terras tupiniquins: o turfe, uma espécie de corrida de cavalo que, ainda em 1810, já era praticado no Rio de Janeiro.

Qual a história dos esportes no Brasil?
Em 1837, surge um projeto para o ensino de ginástica, natação, equitação e dança para meninas desamparadas do Rio de Janeiro, a ser administrado pelas paróquias locais. Competições de fato, têm início em 1846. O esporte era o remo. … Em 1894 que surge a semente daquele que até hoje é o esporte do país.

Qual foi o esporte criado no Brasil?
O Footsack é o sexto esporte criado no Brasil. Os outros cinco são: Futebol de Salão: criado em 1940, em São Paulo; Frescobol, criado em 1945, no Rio de Janeiro; Futevôlei, criado em 1960, no Rio de Janeiro; Peteca, criado em 1975, em Minas Gerais; e Futebol de Areia, criado em 1992, no Rio de Janeiro.
Como os esportes chegaram no Brasil?
Existem registros de jogos e passatempos dos índios de antes mesmo da chegada dos portugueses em 1500. Apesar deles, o esporte, como acabamos de ver, não foi desenvolvido no Brasil. Ele entrou no País no século XIX. … Alguns fatores ligados à educação favoreceram a chegada e o desenvolvimento do esporte no País.

Como é visto o esporte no Brasil?
O esporte é visto pelo Estado brasileiro como estratégico para o desenvolvimento social do País e ferramenta de reconhecimento internacional, por isso recebe investimentos cada vez maiores. … Um trabalho de reabilitação médica impulsionou o surgimento dos esportes paraolímpicos.

Quais foram os primeiros esportes criados no Brasil?
O primeiro esporte moderno praticado no Brasil foi o turfe, no Rio de Janeiro. As corridas de cavalos datam de 1810, organizadas na Praia de Botafogo por comerciantes ingleses; nosso primeiro jogo de bola foi realizado 85 anos depois, em 1895, em São Paulo.
Qual é o esporte mais popular no Brasil?

1º lugar – Futebol.
2º lugar – Vôlei. …
3º lugar – Tênis de mesa. …
4º lugar – Natação. …
5º lugar – Futsal. …

Quem trouxe o esporte para o Brasil?
Esse estudante paulista retornou da Inglaterra em 1894 e trouxe na bagagem diversos artigos, como bolas, uniformes e um livro com as regras estabelecidas. Por conta disso, Charles Miller é atualmente considerado o pai do esporte no Brasil.

Como é visto o esporte na atualidade?
Nos dias atuais o esporte tem um enfoque não somente competitivo, mas é visto como um meio de socialização, no entanto, a realidade atual nos mostra elementos que marginalizam o esporte, onde o ganhar se faz mais importante do que participar.

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